As exportações de café do Brasil caíram 10,4% em volume em fevereiro na comparação com o mesmo mês no ano passado. Mas o país faturou 55,5% mais, um reflexo da alta recorde no preço de café nas bolsas de commodities globais.
Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgados na tarde desta quinta-feira (13), foram 3,27 milhões de sacas de 60 kg embarcadas no país, que renderam US$ 1,19 bilhão.
No cômputo do primeiro bimestre inteiro, janeiro e fevereiro, a queda é menor, de 5,4% em relação ao mesmo período do ano passado. E o ganho, maior: 58,4%.
Já no acumulado dos oito primeiros meses da safra 2024/25, que começou em julho, o país registrou recordes de volume. Foram exportadas 33,452 milhões de sacas (alta de 8,8%), gerando US$ 9,723 bilhões em divisas (59,8% ao intervalo de julho de 2023 a fevereiro de 2024).
Origens e destinos
O Porto de Santos manteve a liderança nas exportações, com 77,5% do total embarcado, seguido pelo complexo portuário do Rio de Janeiro (18,2%) e pelo Porto de Paranaguá (1,2%).
E o principal destino do café brasileiro continua sendo os Estados Unidos, com 1,206 milhão de sacas importadas no primeiro bimestre de 2025, representando 16,6% do total embarcado. A Alemanha aparece em segundo lugar, com 878.350 sacas (-29,4%), seguida por Itália, Japão e Turquia
— essa última registrou um aumento de 88,7% nas importações.
Competitividade internacional
O Brasil é o maior produtor do mundo, e produz principalmente o café do tipo arábica — o tipo mais comum e doce. O outro tipo (conilon e robusta) é mais amargo e produzido em grande quantidade pelo Vietnã, segundo maior produtor global.
Em fevereiro, 83,4% do café exportado pelo Brasil foi do tipo arábica, com 6,069 milhões de sacas. Já os do tipo conilon e robusta registraram 560 mil sacas exportadas, uma queda de 45,5% em relação ao mesmo mês de 2024. O país ainda enviou ao exterior 641 mil sacas de café solúvel.
Em nota divulgada pelo Cecafé, Márcio Ferreira, presidente do conselho, explicou que o Brasil está em período de entressafra, o que tem impactado a competitividade dos cafés conilon e robusta brasileiros frente a outros grandes produtores, como o Vietnã. Além disso, os cafés arábicas nacionais também estão mais caros em comparação com os produtos da América Central negociados na bolsa de Nova York. “Esses fatores devem seguir impactando o desempenho das exportações do Brasil, que podem continuar em volumes menores nos próximos meses”, avalia.
O presidente do Cecafé também afirma que o consumo global de café pode ser impactado por futuras altas no preço. “Os recordes de preços registrados no cenário nacional e internacional ainda não foram totalmente repassados aos consumidores, o que pode gerar novas altas nos preços finais e impactar a inflação nos países consumidores”, analisa.
Ferreira projeta que a safra 2025/26 deve ter um volume menor de café arábica, mas maior de conilon. “Devemos ficar aquém dos recordes de exportação do ano passado, mas mantendo o Brasil como o maior produtor e exportador global de café”, explicou ele.