A Petrobras avalia lançar uma concorrência para escolher uma empresa para operar as suas fábricas de fertilizantes nitrogenados na Bahia e em Sergipe. A medida que visa o reinicio da produção nas plantas, disseram três fontes a par das discussões. As unidades atualmente estão arrendadas para a Unigel.
O conselho deverá se reunir na tarde desta quinta-feira para avaliar a proposta, que prevê a retomada pela Petrobras da gestão de ambas, disseram as pessoas, na condição de anonimato.
A Petrobras havia arrendado as fábricas para a Unigel em 2019, por 10 anos, mas elas estão paralisadas desde 2023. A Unigel alega que os altos preços do gás natural no Brasil inviabilizavam a operação de forma lucrativa.
“A ideia é propor a realização de uma licitação para contratar a empresa que vai tocar a retomada das plantas de fertilizantes”, disse uma das fontes.
A reunião do conselho que busca uma solução para a retomada das unidades foi remarcada algumas vezes nas últimas semanas, em meio a uma falta de consenso entre os conselheiros sobre o tema.
Primeira reunião do novo conselho
Será a primeira reunião do conselho de administração após sua eleição na véspera em assembleia de acionistas que mudou apenas um integrante dos 11 membros.
Antes da atual proposta, chegou a ser discutida a possibilidade de a Petrobras contratar diretamente a Unigel para a realização da operação e manutenção das unidades. Entretanto, a opção foi rebatida por integrantes do conselho, que defendem que a estatal não pode tomar esse passo sem abrir uma concorrência que abra espaço para outras empresas, afirmou outra fonte.
Petrobras e Unigel travam disputas por meio de arbitragem relacionadas ao contrato de arrendamento. Não ficou claro imediatamente se a proposta considerada atualmente também vai buscar uma solução negocial entre as partes.
Procurada, a Petrobras disse que não iria comentar.
Os investimentos da Petrobras no segmento de fertilizantes nitrogenados são controversos, uma vez que o produto importado chega ao Brasil a custos muito competitivos. Mas o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde início, manifestou a intenção de a estatal retomar investimentos no setor, uma vez que o Brasil, uma potência agrícola, é fortemente dependente de importações.
Em dezembro de 2023, Petrobras e Unigel chegaram a assinar um “Contrato de Tolling” no qual a Petrobras forneceria gás natural em troca de fertilizantes, permitindo à Unigel reiniciar a produção sem se preocupar com o preço do gás. O acordo, entretanto, terminou em junho de 2024, sem ter efeito, depois que o TCU disse que poderia causar uma perda de R$487 milhões para a Petrobras.
(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)