Após muita turbulência, o bitcoin (BTC) voltou a ter um mês positivo em abril, subindo 14%, o melhor desempenho mensal desde novembro do ano passado, quando disparou 37% com a empolgação do mercado pela eleição de Donald Trump. Para um mês de abril, é a maior alta desde 2020.
Com esse desempenho, o bitcoin fechou o mês em US$ 94,5 mil e passou a ficar no positivo no acumulado de 2025: 1,20%.
Abril começou com o mercado pressionado após Trump anunciar seu tarifaço global no dia 2, o que levou a um movimento negativo generalizado.
Diante disso, o bitcoin iniciou o mês em US$ 82 mil, preço que sustentou por apenas uma semana, caindo para menos de US$ 76 mil no dia 8, conforme o mundo digeria a ideia do fim do comércio global como o conhecemos.
No dia 9, porém, Trump suspendeu parte das tarifas por 90 dias – deixando só a China com tarifa acima de 10% (e o resto do mundo sob esse “piso”). Não era a perfeição, mas trouxe alívio para o mercado.
Desde o dia 9, o bitcoin subiu 23%, apagando as perdas do mês e criando a alta mensal de 13%.
No mesmo período, o S&P 500 ficou estável (-0,21%). Mas a comparação direta com os 14% do BTC engana.
Ela passa a impressão de que o movimento das ações americanas e da cripto não teve relação. Mas teve. Ambos estavam nas mínimas do mês no dia 8 de abril. Do dia 9 em diante, os dois subiram, com o S&P registrando 12% e o BTC aqueles 23%.
Ou seja: o BTC simplesmente acompanhou o mercado. só que de forma mais volátil, como é de sua natureza. Tanto as baixas como as altas ocorrem de forma mais intensa.
Institucionais no comando
O mercado tem elevado as apostas de corte de juros em junho, o que seria favorável para ativos de risco, como criptomoedas, já que reduz o retorno de ativos mais seguros, como títulos do Tesouro.
“Apesar da guerra comercial, o bitcoin mostrou uma resiliência considerável em comparação com as ações. Caso o Fed retome os cortes de juros em junho e Trump dê sinais mais confiáveis de recuo do tarifaço, há uma forte tendência para que o BTC teste suas máximas históricas”, avalia Beto Fernandes, analista da Foxbit.
E se o mês foi marcado por grande volatilidade diante do noticiário, alguns analistas destacam que a retomada dos preços tem sido guiada por grandes investidores institucionais, e não pelo mercado de varejo.
Como apontou Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, em relatório: “Esse ciclo é claramente marcado pelo institucional”. “Na Ripio Business, nossa vertical de serviços para empresas e pessoas físicas com alto volume de operações, vemos como milhares de empresas estão incorporando o bitcoin e outras criptomoedas em sua estratégia financeira, seja como reserva de valor, ferramenta para pagamentos globais ou investimento estratégico”, afirma.
A mesma avaliação tem John D’Agostino, consultor da Coinbase. Em entrevista para a CNBC, afirmou que a alta, na verdade, começou no início de abril, com investidores institucionais e fundos soberanos acumulando BTC discretamente em seus fundos, enquanto investidores de varejo ainda retiravam capital de ETFs à vista.
Além de empresas como a Strategy, que continuam com grandes compras de bitcoin, na semana passada o CEO da Strike, Jack Mallers, e Brandon Lutnick, da Cantor Fitzgerald, apresentaram a Twenty One Capital, uma nova empresa de investimento em bitcoin apoiada por Tether, Bitfinex e SoftBank.
A companhia será lançada com mais de 42.000 BTC em caixa e deverá ser negociada na bolsa dos EUA sob o código “XXI”.
E se os institucionais já estavam comprando, foi com uma virada de mão do varejo que a alta veio. Dados acumulados até 28 de abril mostraram uma entrada de US$ 2,85 bilhões nos ETFs de bitcoin nos EUA, sendo que apenas na segunda-feira o fundo da BlackRock teve seu segundo melhor dia da história, com entrada de US$ 970,9 milhões.