Foi uma experiência saída de um conto de fadas: a chance de conhecer um dragão. Um por um, os visitantes se aproximaram de uma criatura escura como a noite chamada Toothless (Banguela, em inglês). Quando um visitante acariciou o topo de sua cabeça, Toothless fechou os olhos e suspirou, um som calmo e feliz que provocou sorrisos, gargalhadas e até lágrimas na multidão. Não havia nenhum marionetista puxando cordões, nenhum humano dentro de uma fantasia. Era como estar em “Como Treinar o Seu Dragão”, e esse é o objetivo do Epic Universe, um novo parque temático que abre na quinta-feira.

Toothles é o primeiro personagem animatrônico com o qual os visitantes podem interagir e tocar, semelhante às figuras robóticas realistas frequentemente usadas em brinquedos e outras atrações. Outro dragão sobrevoa o parque em um drone.

Andar de carrossel é como flutuar entre as constelações do céu noturno. Voar em um elevador mágico ao lado de Harry Potter para escapar de um Erumpente, uma criatura mágica que se assemelha a um rinoceronte, é de revirar o estômago. Socar blocos de power-ups enquanto caminha pelo Super Nintendo World é a fantasia de qualquer jogador de videogame.

Entrada do Epic Universe – Foto: Divulgação

Parque bilionário

Com cerca de US$ 7 bilhões, a Comcast, controladora da Universal, construiu o primeiro grande parque de diversões dos EUA a ser inaugurado em mais de duas décadas.

O objetivo é que ele se assemelhe ao parque temático do futuro. A empresa investiu em tecnologia de ponta para criar experiências e atrações imersivas que fazem o Jungle Cruise e o Piratas do Caribe, do Walt Disney World, parecerem peças de museu. A Universal obteve mais de 160 patentes para o desenvolvimento do parque.

Guerra dos parques

O objetivo na guerra dos parques temáticos é a hegemonia nos destinos de férias.

“O novo parque está situado em um terreno de 750 acres e faz parte de um esforço para transformar o atual Universal Orlando Resort em um destino de uma semana”, disse Mark Woodbury, CEO da Universal Destinations and Experiences, a divisão da Comcast NBCUniversal que opera os parques temáticos da empresa em todo o mundo.

Construir um parque temático exige um enorme aporte de capital, mas oferecer novas atrações é fundamental para atrair visitantes novos e recorrentes.

A estreia do Epic acontece em um momento em que alguns americanos estão fazendo cortes em seus planos de férias devido a preocupações econômicas. Alguns turistas internacionais estão desistindo de viagens aos EUA e os consumidores estão preocupados com a economia e o futuro, de acordo com dados econômicos.

Ingresso Epic Universe X Disney

Em uma teleconferência de resultados trimestrais com investidores no mês passado, a empresa refutou a ideia de que o momento para o lançamento seria delicado.

Executivos da Comcast citaram a forte demanda desde o início das vendas de ingressos para a Epic em outubro.

O diretor financeiro da Comcast, Jason Armstrong, afirmou que os resultados trimestrais da empresa “indicaram tendências estáveis ​​em Orlando”, o que deu à empresa a confiança de que estava “o lançamento do Epic estava acontecendo no momento certo”.

O ingresso de um dia no Epic Universe custa a partir de US$ 139, mais impostos, para visitantes a partir de 10 anos.

A Universal também está vendendo passes para vários dias que incluem um dia no Epic, com um custo diário menor. Em comparação, um ingresso semelhante para os outros dois parques temáticos da Universal e os quatro parques do Walt Disney World custa a partir de US$ 119.

Parques e resultados financeiros

Os parques temáticos são cada vez mais importantes para os resultados financeiros de empresas de entretenimento como a Universal, da Comcast, e a Walt Disney.

As divisões de parques, exceto durante a pandemia de Covid-19, quando foram fechadas, normalmente fornecem fluxos constantes de receita que podem ajudar a amortizar negócios menos estáveis, como a produção de longas-metragens, televisão ou o desenvolvimento de serviços de streaming.

“A descrença pode ser transformada na realidade de alguém”, disse Jody Keller, vice-presidente de tecnologia avançada e inovação da Universal Creative, a divisão que cria novas ideias para sua linha global de parques temáticos.

Tecnologia do Epic Universe

Parte da administração de um parque temático é gerenciar uma operação de TI perpétua. Ou seja: tecnologia sempre será importante para o Epic Universe. Porém, quanto mais complexos os efeitos e atrações se tornam, mais coisas podem dar errado.

Os riscos são ainda maiores para a Universal, já que o Epic é tão ambicioso tecnologicamente. Para ter tempo de resolver esses problemas e ver o que funciona, a Universal realizou um período de soft opening durante várias semanas antes da inauguração oficial do parque.

Inicialmente, foram convidados funcionários, influenciadores, amigos e familiares para testar o parque e, posteriormente, alguns ingressos foram vendidos para o público em geral.

Nem todos os brinquedos e atrações estavam abertos, e as obras no parque estavam em andamento.

Exuberância

O eixo central do Epic Universe chama-se Celestial Park, uma área surpreendentemente exuberante repleta de jardins, fontes e outros detalhes que remetem a uma estética art nouveau.

Os designers se inspiraram nas históricas World’s Fairs (Expos) e nos Jardins Tivoli de Copenhague. Os visitantes viajam para os outros quatro mundos do Epic Universe através de portais, ou túneis cercados por luzes e telas de vídeo, ao contrário de outros parques temáticos, onde as áreas normalmente se misturam.

Os avanços tecnológicos da Universal são mais evidentes no mundo dedicado ao universo cinematográfico de Harry Potter — a terceira área temática de Harry Potter da Universal em Orlando.

O exterior do parque lembra a sociedade mágica da Paris dos anos 1920, retratada na série de filmes “Animais Fantásticos”. Visitantes munidos de varinhas interativas podem dar vida às vitrines; eles também podem conversar com retratos animados de bruxas e bruxos históricos.

A atração principal da área, Harry Potter e a Batalha no Ministério, leva os visitantes por uma história original ambientada no dia em que a burocrata perversa e ex-diretora de Hogwarts, Dolores Umbridge, será julgada por seus crimes. O espaço conta com um veículo que simula a sensação de voar em todas as direções ao redor do Ministério da Magia Britânico em um elevador encantado. Ele combina ilusões de tela e elementos filmados com cenários físicos e animatrônicos a ponto de ser difícil distinguir o real do virtual.

“Foi a primeira vez que questionei o que era real enquanto estava em uma atração”, disse Sarah Anderson, coproprietária do Coaster Studios, um canal do YouTube que cobre parques temáticos do mundo todo. Ela pagou para visitar o Epic. Em certo momento, Anderson disse que os efeitos especiais eram tão convincentes que ela achou que havia atores de verdade.

O que a indústria chama de dark rides (ou “passeios escuros”) — onde toda a atração é fechada e repleta de imagens vívidas e reviravoltas surpreendentes — evoluiu drasticamente na última década. O dark ride Star Wars: Rise of the Resistance, do Walt Disney World, é uma atração obrigatória desde sua inauguração em 2019.

Na seção Dark Universe do Epic, um brinquedo chamado Monsters Unchained: The Frankenstein Experiment apresenta um animatrônico de 2,7 metros de altura do monstro de Frankenstein que se manifesta de maneira eletrizante e caminha em direção aos visitantes.

Tecnologia de ponta

A tecnologia robótica dos personagens é mais realista do que os sistemas hidráulicos dos animatrônicos mais antigos, disse Peter Weishar, professor e diretor dos programas temáticos de experiência de pós-graduação da Universidade da Flórida Central. Ele visitou o parque diversas vezes durante sua construção e durante sua pré-inauguração.

Na Burning Blade Tavern, um moinho de vento pega fogo com frequência — você pode sentir o calor e o cheiro de alho vindo da cozinha a metros de distância.

Até mesmo novas versões de brinquedos já existentes, importados de outros parques, foram aprimoradas. A terceira versão do Mario Kart: Bowser’s Challenge — que já está em operação nos parques da Universal no Japão e na Califórnia — utiliza tecnologia de realidade aumentada mais rápida e de alta resolução para fazer objetos e personagens aparecerem através de um visor especial.

“Embora isso possa parecer apenas um complemento, o impacto na experiência é enorme”, disse Weishar. “Isso vai ser um verdadeiro divisor de águas”.

Receita bilionária

Na Comcast, os parques temáticos representaram aproximadamente US$ 1,88 bilhão em receita durante o trimestre encerrado em março, ou 6% da receita total da empresa, que inclui seus enormes negócios de internet sem fio e banda larga.

A receita dos parques temáticos caiu em relação ao ano anterior, já que os incêndios florestais na Califórnia prejudicaram impactaram o público visitante do parque em Hollywood.

Para a Disney, os parques temáticos contribuem significativamente para o seu cenário financeiro geral. No trimestre encerrado em março, os parques temáticos, cruzeiros e outras experiências de viagem da Disney geraram US$ 7,94 bilhões em receita, representando um terço da receita total da empresa. Em 2024, a receita da divisão de Experiências aumentou 5%, em comparação com apenas 1% da divisão de Entretenimento.

Visitantes

Os quatro parques temáticos do Walt Disney World são os preferidos do público na Flórida Central.

Os parques da Disney atraíram quase 49 milhões de visitantes em 2023, de acordo com estimativas da edição mais recente de um índice anual divulgado pela Aecom e pela Themed Entertainment Association.

Os dois parques temáticos existentes do Universal Orlando Resort receberam quase 20 milhões de visitantes naquele mesmo ano.

Novidades atraem público

Executivos da Disney afirmaram que a adição do Epic Universe ao mercado de Orlando pode ser positiva para todos os parques da região.

Grandes novidades na indústria do turismo tendem a gerar um público maior em geral nas propriedades de ambas as empresas.

Mesmo que a Disney perca participação de mercado para a Universal, ela ainda pode se beneficiar de um aumento geral no tráfego de pedestres.

A Disney se comprometeu a investir bilhões em seus parques nos EUA nos próximos anos, incluindo novas atrações planejadas para três de seus parques na Flórida. Este mês, a empresa anunciou uma parceria para construir um novo resort e parque temático em Abu Dhabi.

Estamos sempre na ofensiva”, disse Josh D’Amaro, presidente da Disney Experiences, braço da empresa que inclui seus parques temáticos e linha de cruzeiros, em uma coletiva recente. “Estamos constantemente investindo a longo prazo, fortalecendo cada um dos nossos parques temáticos.”

Efeito Covid

Quando a Covid fechou parques em todo o mundo em 2020, as empresas de mídia se depararam com a possibilidade de repensar projetos anunciados anteriormente.

A Disney reduziu uma reforma planejada do Epcot no Walt Disney World e adiou outros projetos, incluindo a construção de um grande teatro para o parque Magic Kingdom.

A Universal anunciou pela primeira vez que construiria o Epic Universe em 2019.

Os negócios da empresa com parques temáticos começaram a prosperar em 2010, quando as primeiras atrações temáticas de Harry Potter foram abertas no parque temático Islands of Adventure do Universal Orlando.

Essas atrações foram um sucesso instantâneo, atraindo rapidamente grandes multidões. Posteriormente, a empresa construiu um novo resort em Pequim e desenvolveu atrações temáticas da Nintendo para seus parques no Japão e nos EUA.

Atualmente, a Universal da Epic Universe está construindo um novo parque temático voltado para crianças no Texas e uma experiência com temática de terror em Las Vegas.

A empresa planeja expandir sua presença internacional com um novo parque que está desenvolvendo no Reino Unido e adicionar novas atrações a suas outras unidades pelos EUA.

Traduzido do inglês por InvestNews

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