As fábricas da China sentiram algum impacto das tarifas no mês passado, apesar da trégua comercial com Washington. Enquanto isso, infortúnios imobiliários pesaram sobre os investimentos, aumentando a pressão sobre Pequim para tomar medidas mais ousadas para sustentar o crescimento da economia regional.
As vendas no varejo chinês, no entanto, cresceram mais rápido do que o esperado, à medida que os consumidores aproveitaram para comprar eletrodomésticos e outros produtos com desconto, segundo dados apresentados na segunda-feira (9).
Os números seguem os relatórios publicados na semana passada, mostrando uma inflação fraca na China e uma retração no crescimento das exportações, especialmente em remessas diretas para os EUA.
Juros mais baixos
Economistas dizem que as autoridades chinesas precisarão aumentar o apoio à economia por meio de taxas de juros mais baixas e aumento de empréstimos governamentais, se quiserem atingir sua meta de fazer a economia crescer cerca de 5% neste ano.
Em uma nota de pesquisa publicada após a divulgação dos dados, a economista Zichun Huang, da Capital Economics, disse que espera que o crescimento desacelere este ano para cerca de 3,5%, conforme medido pelo indicador usado pela consultoria sobre a economia chinesa. Há um enfraquecimento esperado nas exportações, devido ao conflito comercial e à crise imobiliária em curso.
Por enquanto, as tensões sobre o comércio com os EUA diminuíram, após um acordo em Londres para reduzir o uso de controles de exportação, que cada lado está usando cada vez mais para causar um desconforto econômico e ganhar vantagem sobre o outro.
Os EUA ameaçaram impor restrições a peças de motores de jatos e outros produtos americanos que a China compra, além dos controles pré-existentes sobre chips.
A China concordou em aliviar seu mata-leão sobre o fornecimento de minerais essenciais e ímãs de terras raras, componentes essenciais em motores de automóveis, aeronaves militares e uma série de outras aplicações.
O acordo efetivamente restaurou as relações entre os EUA e a China, que foi firmado em Genebra, quando cada lado concordou em reduzir as tarifas sobre os produtos um do outro.
Vendas na China
Mas analistas alertam que as tensões comerciais entre os EUA e a China estão longe de serem resolvidas, e novos conflitos são prováveis à medida que as negociações sobre como gerenciar as relações tensas entre as duas maiores economias do mundo prossigam.
As vendas no varejo na China cresceram 6,4% em maio, em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas da China. Esse número superou o aumento de 5,1% registrado em abril e o crescimento de 4,9% previsto em uma pesquisa do Wall Street Journal com economistas.
As vendas foram impulsionadas por um programa do governo, que oferece aos consumidores descontos em novos eletrodomésticos e outros produtos.
Segundo os economistas, a trégua comercial também pode ter ajudado a aliviar as preocupações dos consumidores com suas finanças e a economia.
O crescimento da produção industrial desacelerou para 5,8% em maio, ante 6,1% em abril. O investimento em edifícios, fábricas e outros ativos fixos desacelerou para 3,7% no período de janeiro a maio, em comparação com o crescimento de 4% registrado nos primeiros quatro meses do ano.
A desaceleração do investimento, um pilar da economia chinesa, refletiu a fraqueza do setor imobiliário, segundo analistas. Os dados mostraram que o investimento imobiliário no período de janeiro a maio caiu 10,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o início de novas construções caiu 22,8%. Os preços médios dos imóveis em 70 grandes cidades monitoradas pelo governo caíram no mês passado.
A prolongada crise imobiliária, agora em seu quarto ano, prejudicou os investimentos e minou a confiança do consumidor, colocando o ônus sobre as fábricas chinesas para estimular o crescimento por meio das exportações, alimentando as tensões comerciais em todo o mundo.
Traduzido do inglês por InvestNews
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