Jocelyn Benson fez algumas de suas amizades mais próximas no acampamento, enquanto caminhava, escalava o percurso de arvorismo e torcia por suas companheiras de equipe durante a guerra de cores. Ela dividiu um chalé com outras campistas, conversou até tarde da noite e fez planos para visitá-las quando o acampamento terminasse. Ela ainda socializou com campistas enquanto bebiam vinho e coquetéis, e ficavam acordadas até 1h30 da manhã. Afinal, Benson tinha 29 anos.

Acampamentos não são só para crianças.

Há dois verões, Benson, agora com 31 anos, começou a frequentar o Camp Social, um acampamento de três dias para mulheres nas Montanhas Pocono, na Pensilvânia. Ela planeja retornar em setembro.

“Quando você está na casa dos 20 ou 30 anos, não faz muitos amigos a menos que esteja fazendo algo que una vocês”, disse ela.

Agora, Jocelyn Benson tem um grupo de amigas com quem viaja, e uma das mais próximas no Camp Social dividiu sua casa por um ano em Provo, Utah. Talvez tenha sido a pintura de guerra que elas usaram nos olhos para exibir o espírito de equipe ou a torcida uma pela outra durante um revezamento que tenha as unido tão fortemente. Como ela disse, “nós rimos juntas”.

Acampamentos para adultos

Os acampamentos são, há muito tempo, uma maneira de as crianças se desconectarem, brincarem e fazerem amigos para a vida toda.

Para a fundadora do Camp Social, Liv Schreiber, parecia natural que, em um mundo onde mais pessoas estão se conectando pelas redes sociais e o trabalho pode ser remoto, os adultos estivessem buscando a mesma experiência.

“Eu criei o Camp Social para atender a essa busca por amizade entre adultos”, disse Schreiber, que tem 28 anos, mora em Nova York e fundou o acampamento em 2023. “Eu criei o que eu queria que existisse. Precisamos fazer amigos sem ter que seguir um plano”. 

O Camp Social é mais um em uma série de acampamentos para adultos, como o Club Getaway, o ‘Camp’ Camp e o Camp No Counselors, que têm visto um aumento no número de novos campistas nos últimos anos. A demanda foi tanta que o Camp Social, que recebe 400 campistas mulheres por sessão, adicionou uma segunda unidade em setembro. O Camp No Counselors, com unidades na Pensilvânia e na Califórnia, está se expandindo para o Texas em abril.

Camp Social recebe 400 campistas mulheres por sessão – Foto: Divulgação

Os diretores dos acampamentos dizem que, no passado, os campistas vinham com grandes grupos de amigos. Mas hoje em dia, novos campistas estão chegando sozinhos. Schreiber disse que 92% das participantes do Camp Social vêm sozinhas.

“Qualquer pessoa que já trabalhou em um acampamento ou cresceu no mundo dos acampamentos entende que há uma conexão poderosa entre as pessoas que se forma no acampamento”, disse Liam Macleod, profissional de acampamentos de longa data e diretor de marketing da Camp No Counselors. “É a magia do acampamento e é difícil reproduzi-la no mundo real.”

Schreiber concorda. Depois de se formar na Universidade de Wisconsin em 2018, ela se mudou para Manhattan, mas se sentia isolada. Ela viajou para os Hamptons e Martha’s Vineyard, mas percebeu que ansiava por amizades mais profundas.

Em 2023, ela alugou um acampamento já existente nos Poconos e usou as redes sociais, incluindo seguidores de um grupo de encontro que ela fundou em 2021, chamado Hot and Social, para divulgar sua ideia.

No Camp Social, criar química é tudo: as campistas são divididas por idade, que varia de 20 a 60 anos, em chalés com oito a 10 pessoas.

Cada chalé conta com uma conselheira habilitada que atua como concierge do acampamento e facilitadora de vínculos — elas são até mesmo responsáveis por criar uma torcida para o chalé.

Durante o dia, as campistas criam suas próprias programações a partir de uma lista de atividades tradicionais, incluindo passeios de barco, arco e flecha, percurso de arvorismo, confecção de pulseiras, caminhadas, tie-dye e tênis.

Mas também há atividades para adultos: aulas de pintura com bebidas e uma aula de mixologia estão incluídas na programação.

O acampamento custa US$ 883,51 (algo como R$ 4,9 mil) por duas noites e três dias. Segundo Schreiber, ele tem sido lucrativo desde o primeiro verão, em parte porque o custo operacional é compensado por parcerias com marcas.

Neste verão, a Dunkin’ é patrocinadora e dois caminhões da marca circularão pelo acampamento oferecendo café. Outros patrocinadores incluem as bebidas La Croix, Essie e Jones Road. No verão passado, a Amazon Prime foi patrocinadora e exibiu o filme “Meu Eu do Futuro”, além de fornecer toalhas e porta-pipocas da marca.

Ao contrário das férias com tudo incluído, que não facilitam a criação de laços entre os hóspedes, e dos retiros de bem-estar que se concentram em uma ou duas atividades, como ioga ou meditação, o acampamento com pernoite, com sua combinação de natureza e atividades experimentais com novos amigos, promove a conexão, dizem os participantes.

“Joguei jogos que não jogava há mais de 15 anos”, disse Maddie Martino, 29, diretora de um complexo esportivo coberto em Chicago, que se inscreveu no Camp Social depois de ver um vídeo no Instagram.

Ao chegar ao acampamento, todas se reuniram ao redor do mastro para uma revisão da programação e da distribuição dos chalés. Naquela noite, houve um churrasco, quebra-gelos, incluindo charadas, e uma festa.

Nos três dias seguintes, ela fez o percurso de arvorismo, trilhas, caiaque e stand-up paddle no lago. “Saí me sentindo mais leve e sem preocupações. Isso me lembrou que tenho que tirar um tempo da correria do trabalho”, disse Martino.

“O acampamento nos permite aproveitar momentos em que somos corajosos o suficiente para experimentar coisas novas que nem sempre nos permitimos na vida real”, disse Jaime Gullotti, gerente de escritório de 43 anos de Dover, New Hampshire, que participa do ‘Camp’ Camp, um acampamento com pernoite de uma semana para pessoas LGBTQIA+ no Maine.

Foto: Divulgação

As pessoas voltam

Parte da magia são as pessoas que retornam ano após ano. O Camp tem uma taxa de retorno de 75% entre os participantes e quase 40% participam há mais de cinco anos, disse sua diretora, Kerry Riffle.

Gullotti disse que, diferente das férias, depois das quais você se torna amigo de alguém no Facebook que conheceu e nunca mais o vê, as amizades feitas ali são duradouras. Ela até conheceu a namorada no primeiro verão.

“É como uma grande reunião de família todo verão, mas até isso se torna chato”, disse Gullotti, que retorna ao “Camp” Camp no final desta semana. “Todo ano, tem gente nova que revigora e traz energia extra.”

Traduzido do inglês por InvestNews

Presented by