O acordo provisório, revelado na segunda-feira por altos funcionários americanos e chineses após dois dias de negociações em Madri, na Espanha, criaria uma versão do popular aplicativo de mídia social baseada nos EUA, com o consórcio detendo participações na nova empresa, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Pelo acordo, a ideia seria reduzir a participação da ByteDance no TikTok para menos de 20% para cumprir uma lei de segurança nacional dos EUA aprovada em 2024, que exige que a empresa sediada em Pequim se desfaça de sua participação diante de ameaças de um banimento no mercado americano. Se concluída, com a aprovação de Trump e Xi, a transação permitiria que a plataforma de compartilhamento de vídeos continuasse a operar nos EUA e removeria um ponto de atrito nas relações entre as duas potências mundiais.
O acordo prevê que a Oracle continuará a fornecer serviços de nuvem para o TikTok nos EUA, um negócio que se tornou uma fonte de receita relevante para a empresa de Austin, uma vez que a Oracle já trabalha com o TikTok para hospedar dados de usuários nos EUA e em outros países como parte de uma parceria de bilhões de dólares que o TikTok batizou de “Projeto Texas”.
As ações da Oracle subiram até 5,9% em Nova York na terça-feira, antes de ceder a maior parte desses ganhos. As ações da empresa acumulam 84% este ano, graças ao seu investimento em infraestrutura de nuvem.
Ainda não está claro quanto cada investidor em potencial adquiriria sob o acordo. A Oracle, por exemplo, planeja adquirir uma pequena participação na nova empresa, de acordo com uma das fontes ouvidas pela reportagem. Representantes do TikTok, Oracle, Andreessen e Silver Lake não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Para ganhar tempo para a conclusão da transação, Trump concedeu na terça-feira outra extensão do prazo para a ByteDance se desfazer das operações do TikTok nos EUA. A empresa, agora, tem até 16 de dezembro para fechar um acordo antes que um banimento nacional seja imposto.
O destino do lucrativo software de recomendação do TikTok — que direciona vídeos aos usuários com base em suas preferências de visualização — permanece incerto. Um oficial chinês disse após as negociações em Madri que a ByteDance licenciaria seu algoritmo para a operação dos EUA, enquanto o lado americano se recusou a fornecer detalhes. A lei estipula que a ByteDance não pode ter qualquer papel operacional, incluindo com o algoritmo, uma vez que a venda seja concluída.
Mais cedo, Trump disse a repórteres que tinha “um acordo sobre o TikTok” com os chineses ao deixar a Casa Branca para uma visita de Estado ao Reino Unido, mas se recusou a dar detalhes sobre as empresas envolvidas.
Popularidade ligada ao TikTok
Os termos de um novo acordo e se eles satisfariam os requisitos da lei de segurança nacional, permanecem incertos, mas a vontade de desafiar Trump legal ou politicamente sobre sua abordagem em relação ao TikTok diminuiu. O presidente credita ao aplicativo o aumento de sua popularidade entre os eleitores mais jovens.
A extensão anunciada por Trump significa que a plataforma pode continuar operando nos EUA, e parceiros como a Apple e o Google, da Alphabet, podem continuar hospedando o popular aplicativo de vídeo em suas lojas on-line enquanto a administração ganha mais tempo para fechar um acordo com a ByteDance sobre um “desinvestimento qualificado” para um proprietário não chinês.
O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse em uma entrevista à CNBC que o acordo era semelhante aos termos comerciais que haviam sido negociados no início do ano e indicou que ele acreditava que Trump e Xi bateriam o martelo sobre a venda esta semana. “Este acordo não seria fechado sem as devidas salvaguardas para a segurança nacional dos EUA”, disse Bessent. “Parece que também conseguimos atender ao interesse chinês.”