Passada a Super Quarta — quando o Fed cortou os juros nos Estados Unidos e o Banco Central manteve a Selic em 15% —, empresas brasileiras voltaram a acessar o mercado internacional de dívida em dólar, os chamados bonds. Nesta semana, Embraer e Oceânica já anunciaram captações, enquanto CSN e Vamos se preparam para seguir o mesmo caminho.

A Embraer levantou US$ 1 bilhão em títulos com vencimento em 2038, a uma taxa de 5,40% ao ano, por meio de sua subsidiária na Holanda. Os recursos serão usados para recomprar papéis que vencem em 2028 e 2030 e reforçar o caixa.

A Oceânica, empresa de engenharia voltada a serviços para a indústria de petróleo, anunciou a emissão de até US$ 150 milhões em novos títulos, com vencimento em 2029 e remuneração de 13% ao ano. A operação complementa uma captação anterior de US$ 375 milhões feita em 2024.

Na esteira dessas operações, a próxima a avaliar o mercado internacional é a CSN, apurou o InvestNews. A siderúrgica de Benjamin Steinbruch já conversa com investidores para definir se avança com a operação e em quais condições. A Prio, que era uma das candidatas para essa janela de emissão, entrou em compasso de espera.

Também está na fila a Vamos, do grupo Simpar, que estuda uma oferta internacional para alongar o perfil da dívida e diversificar fontes de financiamento. A expectativa é que o título tenha prazo de cinco anos.

O setor de saneamento também se movimenta: a Aegea iniciou conversas para uma emissão de dez anos, com selo de blue bond — voltado a projetos de preservação hídrica, segundo apurou o Valor Econômico. Parte dos recursos deve ser destinada à recompra de US$ 250 milhões em títulos com vencimento em 2029.

Conforme mostrou o InvestNews, a janela deste ano está mais favorável para emissões externas. Suzano, Petrobras e Rede D’Or já aproveitaram o apetite dos investidores globais para captar em dólar a custos historicamente baixos, em operações com demanda várias vezes acima da oferta e até sem prêmio adicional sobre papéis existentes.

Entre setembro e outubro — tradicionalmente o período mais ativo para esse tipo de emissão —, o movimento ganhou ainda mais tração. O ambiente externo ajuda: em setembro, o Federal Reserve iniciou o ciclo de cortes de juros nos EUA, reduzindo a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4% e 4,25% ao ano, e sinalizou mais duas quedas até o fim de 2025.

Já no Brasil, o BC manteve a Selic em 15%, reforçando o contraste de custos e estimulando companhias a buscar no exterior um funding mais barato e de prazo mais longo.