O que já estava ruim, ficou pior. Depois de um outubro no vermelho e um início de novembro na marcha lenta, o bitcoin (BTC) caiu abaixo dos US$ 100 mil na noite de terça-feira (4), pela primeira vez desde junho, antes de ensaiar uma leve recuperação para US$ 101 mil na manhã desta quarta-feira (5).

Mas por que isso aconteceu?

Primeiro, porque o ambiente segue instável. O shutdown – paralisação parcial do governo americano – continua em vigor e já dura 35 dias, aumentando a incerteza fiscal e o mau humor nos mercados.

Além disso, cresce a percepção de que o próximo corte de juros nos EUA deve ficar só para o ano que vem – o que costuma pesar sobre o bitcoin e outros ativos de risco.

“O movimento reflete um cenário global de aversão ao risco, com investidores reduzindo exposição a ativos voláteis e buscando proteção em opções mais conservadoras”, disse Guilherme Prado, country manager da Bitget.

Essa aversão ao risco atingiu também os investidores institucionais. Os ETFs à vista de bitcoin dos EUA – preferidos pelos endinheirados para ganhar exposição a criptos – registraram US$ 577 milhões em saídas na terça-feira, o maior volume negativo desde 1º de agosto.

E aí começa o ciclo vicioso: a queda de preço da cripto leva à fuga de recursos dos ETFs, e as saídas desses fundos pressionam ainda mais a cotação.

Quem também sentiu o baque foram os traders alavancados – aqueles que pegam dinheiro emprestado para ampliar ganhos (e perdas). Nas últimas 24 horas, segundo a plataforma Coinglass, cerca de US$ 1,7 bilhão em posições foram liquidadas, sendo US$ 1,31 bilhão de apostas compradas em BTC – ou seja, quem acreditava na alta.

E não foi só o bitcoin que sangrou. As altcoins – as criptos diferentes do BTC – também pegaram carona na queda: ethereum (ETH), solana (SOL), XRP (XRP) e todas as top 10 em valor de mercado amanheceram no vermelho nesta quarta. Que fase, hein?

Veja as cotações das principais criptomoedas às 7h40:

Bitcoin (BTC):  -1,92%, US$ 101.685,30

Ethereum (ETH): – 5,70%, US$ 3.295,20

XRP (XRP): -1,67%, US$ 2,22

BNB (BNB): – 1,90%, US$ 943,34

Solana (SOL): -2,88%, US$ 943,30

Outros destaques do mercado cripto

Adeus, Drex? Lembra do projeto de real digital do Banco Central, o famoso Drex? Pois é – ele será desligado. Calma, não é o projeto em si, mas o ambiente original em que estava sendo desenvolvido. A plataforma, baseada em blockchain, não atendeu aos requisitos de segurança e dará lugar a uma nova infraestrutura, ainda em desenvolvimento pela autoridade monetária. Marlyson Silva, presidente do grupo Transfero, disse para o InvestNews que o Drex “acabou se tornando um caso emblemático de como escopos que se ampliam demais (e tecnologias que não se provam adequadas) podem comprometer a entrega e a adoção real”.

Criador do Ethereum desembarca no Brasil. O programador russo-canadense Vitalik Buterin, criador do ethereum, vem ao Brasil pela primeira vez. Ele vai participar nesta quinta-feira (6), às 14h, do ETH Latam, evento cripto realizado em São Paulo. Lançado em 2015, o ether rapidamente ganhou espaço entre investidores e desenvolvedores graças aos seus smart contracts – programas de computador autoexecutáveis que permitem criar aplicações descentralizadas.