A Shein informou aos investidores que espera alcançar um lucro líquido de US$ 2 bilhões em 2025, após margens de lucro mais altas, obtidas por meio de aumentos de preços e cortes de custos, ajudarem a compensar a queda no tráfego online causada pelas tarifas punitivas do presidente americano Donald Trump.

A gigante do comércio eletrônico, sediada em Singapura, também prevê um crescimento de vendas na faixa de dois dígitos médios, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram anonimato porque as metas são confidenciais.

A estimativa de lucro líquido de US$ 2 bilhões para este ano sugere que o lucro poderá quase dobrar em relação aos US$ 1,1 bilhão registrados no ano passado. Isso se soma a um primeiro trimestre forte, quando o lucro líquido ultrapassou US$ 400 milhões e a receita saltou para quase US$ 10 bilhões, já que consumidores dos EUA correram para comprar os produtos da empresa antes de Trump encerrar a isenção de impostos ‘de minimis” para pequenas encomendas.

A perspectiva otimista para o ano todo — divulgada no final de agosto — surge no momento em que a Shein se esforça para manter a confiança dos investidores antes de sua oferta pública inicial, há muito adiada e ainda envolta em incertezas. A previsão é surpreendentemente positiva, considerando que se esperava que seus negócios sofressem um impacto negativo após o fechamento da brecha “de minimis”. Não está claro se fatores pontuais contribuíram para o número.

Contudo, parece que os aumentos de preços da empresa repassaram o ônus das tarifas aos consumidores, protegendo assim seus resultados financeiros. A reversão dos gastos agressivos com publicidade, estratégia viabilizada pela relutância da concorrente Temu no mercado americano durante boa parte do verão do hemisfério Norte, também impulsionou as margens, disse uma das fontes.

Ainda assim, a empresa enfrenta enormes ventos contrários na busca pela abertura de capital, como o fato de que vários outros países também planejam seguir o exemplo dos EUA e acabar com isenções de impostos para pequenas encomendas. Em outro contexto, o governo francês também anunciou, nesta semana, a suspensão do marketplace online da Shein no país, após reclamações sobre a venda de bonecas sexuais com aparência infantil e armas em sua plataforma.

A Shein não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

O tão aguardado IPO da Shein ainda precisa da aprovação de Pequim. Embora sua sede seja em Singapura, a varejista permanece sujeita à supervisão da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China, que exige que todas as empresas com ligações substanciais com o país sejam submetidas a uma avaliação antes de suas ações serem listas em bolsas estrangeiras.

A empresa agora tenta abrir seu capital em Hong Kong, depois que tentativas anteriores de IPO em Nova York e Londres foram frustradas por escrutínio político e obstáculos regulatórios.

A Shein, que já foi avaliada em US$ 100 bilhões, viu seu valuation despencar. Após uma rodada de financiamento de US$ 66 bilhões em 2023, a empresa agora está sob pressão para reduzir esse valor pela metade, a Bloomberg News noticiou em fevereiro. Entre os investidores, estão a IDG Capital, a Mubadala Investment e a HSG, anteriormente conhecida como Sequoia Capital China.