Os pacientes que tomaram o medicamento não viram sua doença progredir mais lentamente com base em uma avaliação cognitiva, disse a farmacêutica dinamarquesa nesta segunda-feira. A Novo irá descontinuar uma extensão planejada de um ano dos estudos.
As ações da Novo despencaram até 12,4% em Copenhague, atingindo o menor nível desde julho de 2021. Seu valor já caiu mais da metade neste ano em meio a preocupações dos investidores sobre a competitividade de longo prazo da empresa no setor de obesidade — um mercado em expansão que ela ajudou a criar.
“Era um bilhete de loteria que poderia ter tido grande valor”, disse Per Hansen, economista de investimentos da Nordnet AB. “Os investidores não atribuíram nenhum valor real a isso. Ainda assim, havia esperança.”
As ações da rival Eli Lilly também caíram nas negociações pré-mercado nos EUA, enquanto as da Biogen Inc., que vem desenvolvendo diferentes medicamentos contra Alzheimer, subiram 6,7%.
Ações da Novo atingem o menor nível desde 2021
O Alzheimer, que causa devastadora deterioração cognitiva, perda de memória e mudanças de personalidade, é uma área notoriamente difícil para o desenvolvimento de medicamentos, e a Novo havia descrito consistentemente os testes como de alto risco. Ainda assim, a recompensa potencial também era enorme: o sucesso poderia ter trazido até US$ 5 bilhões a mais em receita anual, segundo analistas do Morgan Stanley.
“Sentimos que tínhamos a responsabilidade de explorar o potencial do semaglutida”, disse em comunicado o diretor científico da Novo, Martin Holst Lange, usando o nome genérico do Ozempic. O tratamento resultou em melhora de algumas medidas fisiológicas associadas ao Alzheimer, embora isso não tenha se traduzido em uma progressão mais lenta da doença.
A farmacêutica dinamarquesa enfrenta dificuldades para recuperar sua posição de liderança no setor de obesidade. Qualquer evidência de que o Wegovy tem efeito sobre a forma mais comum de demência poderia ter lhe dado uma vantagem competitiva contra o Zepbound, da rival americana Eli Lilly & Co.
A empresa disse a analistas, em setembro, que esperava que os estudos sobre Alzheimer pudessem detectar uma diferença de apenas um pouco mais de 10% na progressão do declínio cognitivo. O par de testes acompanhou mais de 3.500 pessoas com Alzheimer leve. Segundo estimativas prévias do Morgan Stanley, eles tinham cerca de 75% de probabilidade de fracassar.