O mercado cripto segue com dificuldade para engrenar uma recuperação consistente. Depois de acumular quatro semanas consecutivas de baixa, o bitcoin (BTC) até ensaiou um repique na manhã desta segunda-feira (24), mas o fôlego durou pouco.

A principal criptomoeda do mercado é negociada na faixa dos US$ 85 mil, com queda de 0,75% no dia – bem distante da máxima histórica de US$ 126 mil, registrada no início de outubro. Desde então, o recuo soma 32,5%.

As principais altcoins também caem hoje, com exceção de XRP (XRP) e dogecoin (DOGE), que sobem devido à expectativa com o lançamento de dois novos ETFs (fundos negociados em bolsa) dessas criptos nos Estados Unidos.

“As quedas recentes foram fortes e muito aceleradas, e isso tem um motivo claro: extremo medo e extremo pessimismo”, disse Marco Aurélio Camargo, CIO da Vault.

O clima de pessimismo é alimentado pelo cenário macro desafiador e pelas retiradas contínuas dos ETFs (fundos negociados em bolsa) de criptomoedas, que reforçam a percepção de cautela entre os investidores.

Segundo dados divulgados nesta segunda pela empresa cripto CoinShares, os fundos globais de ativos digitais registraram US$ 1,9 bilhão em saídas líquidas na última semana. No acumulado de quatro semanas, o volume negativo já chega a US$ 4,9 bilhões.

O que esperar do bitcoin e das altcoins agora?

O sentimento continua frágil e a expectativa é de mais volatilidade, dizem analistas. Mas há alguns fatores que podem ajudar a aliviar a pressão.

Na semana passada, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York, John Williams, afirmou enxergar espaço para cortes de juros – movimento que elevou para 73% as apostas de reduções da taxa em dezembro (ante 42% na semana anterior).

Cortes de juros tendem a favorecer criptoativos por reduzirem o apelo relativo de ativos de renda fixa, como as treasuries.

Outro ponto observado é a queda nas reservas de bitcoin nas exchanges. A retirada de moedas das corretoras indica que investidores estão preferindo guardar BTC em carteiras próprias, o que costuma sinalizar intenção de manter no longo prazo – movimento considerado positivo para o preço.

“Para o investidor, isso configura um ambiente que exige cautela, mas que apresenta sinais crescentes de possível estabilização caso os fluxos institucionais se tornem menos negativos”, disse Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank.

Para Guilherme Prado, country manager da Bitget, a confiança do mercado retornaria se o BTC conseguisse voltar ao patamar de US$ 90 mil. Porém, se ocorrer uma nova queda para a mínima da semana passada, em torno de US$ 81 mil, é possível que esse cenário possa “desencadear outra onda de vendas forçadas – especialmente entre altcoins, que continuam sofrendo com baixa liquidez”, falou.

Veja as cotações das principais criptomoedas às 10h20:

Bitcoin (BTC):  -0,75%, US$ 85.882,20

Ethereum (ETH): -1,23%, US$ 2.797,10

XRP (XRP): +0,69%, US$ 2,05

BNB (BNB): -1,07%, US$ 838,47

Solana (SOL): -1,43%, US$ 129,38

Outros destaques do mercado cripto

Todo mundo de olho na Strategy. Os investidores monitoram de perto a Strategy, maior bitcoin treasury company do mundo. Em momentos de queda do BTC, a empresa costuma ampliar sua posição na cripto – e o mercado aguarda um possível anúncio de compra. Se não houver novas aquisições, alguns analistas veem isso como um sinal de que até os players mais convictos estão mais cautelosos diante da incerteza atual.

Tokenização no programa Minha Casa, Minha Vida. A tokenização – processo de converter ativos tradicionais em tokens na blockchain – chegou aos programas habitacionais do governo federal. A Versi, empresa de tecnologia do setor imobiliário, abriu oferta para levantar R$ 13 milhões em tokens por meio da exchange Mercado Bitcoin. Esses ativos digitais são lastreados em empreendimentos nos quais a companhia já investe.

Pix e ethereum de mãos dadas. O desenvolvedor Tomasz K. Stańczak, codiretor executivo da Fundação Ethereum, acha o Pix “um sistema admirável” e que outros países o observam “com inveja”. Ele disse ao Portal do Bitcoin que a combinação do sistema brasileiro com os recursos de pagamentos internacionais e privacidade da segunda maior cripto do mercado pode, no futuro, resultar no “melhor dos dois mundos juntos”