A CSN está negociando a venda de suas ações na MRS Logística, operadora de uma das principais malhas ferroviárias do país, para a CSN Mineração, sua controlada direta. A operação pode envolver até 18,75% do capital que a siderúrgica detém na MRS – uma fatia avaliada em cerca de R$ 3,26 bilhões, de acordo com o balanço mais recente da companhia.

A transação em curso tem potencial de aliviar a estrutura de capital da principal empresa de Benjamin Steinbruch. Ao vender suas ações para a subsidiária, a CSN receberia recursos diretamente da CSN Mineração, que encerrou o terceiro trimestre com cerca de R$ 16 bilhões em liquidez.

Já a CSN encerrou o período com fluxo de caixa operacional negativo — ou seja, suas atividades do dia a dia consumiram recursos em vez de gerar — e mantém como prioridade reduzir a alavancagem para perto de 3 vezes o Ebitda.

Atualmente, a dívida líquida consolidada do grupo é de R$ 37,5 bilhões, com alavancagem de 3,14 vezes o Ebitda. A companhia, porém, não detalha ao mercado os parâmetros de seus covenants, limitando-se nos documentos públicos mais recentes a afirmar que está “adimplente”.

Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na semana passada, a CSN se diz apenas que está em negociações com a CSN Mineração, mas que a quantidade e o preço das ações não foram determinados. 

Infraestrutura

Ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a CSN afirma que a aquisição funcionaria como uma simplificação societária: concentrar a participação logística na CSN Mineração, que depende da MRS para escoar o minério produzido no Complexo Casa de Pedra, em Congonhas (MG), até o terminal marítimo de Itaguaí (RJ).

A transação também se conecta ao plano anunciado pela CSN de criar a CSN Infraestrutura, empresa que vai concentrar participação na MRS, terminais portuários e ativos rodoviários e ferroviários do grupo. 

A nova companhia, prevista para ser estruturada nos próximos meses, deve servir como um veículo para que a CSN consiga levantar “alguns bilhões” ao longo de 2026, de acordo com Antonio Marco Rabello, CFO da CSN, em teleconferência recente com analistas.

Ferrovia das mineradoras

A MRS é um dos ativos logísticos mais estratégicos do país. A concessionária opera cerca de 1.700 km de linhas ferroviárias entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, formando o chamado “corredor Sudeste” – rota crucial para o transporte de minério, carvão e produtos siderúrgicos.

O capital da MRS é concentrado nas principais companhias do setor: a Vale controla cerca de 44% do capital; o grupo CSN/CSN Mineração detém aproximadamente 38%; Usiminas, 11%; e Gerdau, 6%.

Procurada pelo InvestNews, a CSN não comentou.