Os irmãos Ederson e Everton Muffato, controladores da rede de supermercados que leva o nome da família, compraram uma participação equivalente a 10,26% do Assaí, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A fatia foi adquirida por meio de dois fundos geridos por BTG Pactual e WHG, tornando a dupla o segundo maior acionista da rede de atacarejo, em uma composição acionária dominada por gestoras, como Orbis (11,57%) e Dynamo (5,01%).

Apesar de comandarem um grupo forte no Paraná, os Muffato têm presença ainda tímida em São Paulo – justamente o mercado onde o Assaí é mais dominante. Além dos supermercados Super Muffato, o grupo é dono de uma rede de atacarejos, a Max Atacadista.

O movimento vem num momento em que a expansão orgânica do grupo paranaense enfrenta limitações: forte concentração regional e dificuldade de avançar em cidades onde o próprio Assaí e o Atacadão, do grupo Carrefour, operam com maior escala e capilaridade.

‘Operação financeira’

Embora afirmem no documento que a operação tem caráter estritamente financeiro, os irmãos se colocaram “à disposição” da administração do Assaí para colaborar com a experiência que acumulam no setor – gesto que sugere um interesse maior do que o de um investidor tradicional.

Por envolver a compra de ações por um concorrente direto, a tendência natural é que a transação seja analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a exemplo do que ocorre no caso em que o fundador da produtra de etanol Inpasa, José Odvar Lopes, pediu aval da autarquia para seguir investindo na distribuidora de combustíveis Vibra.

Sem o aval do órgão antitruste, fica comprometida qualquer iniciativa dos Muffato de pleitearem uma cadeira no conselho de administração do Assaí, embora já detenham participação suficiente para isso.