A empresa informou nesta segunda-feira (1º) que está inspecionando aeronaves potencialmente afetadas por um “problema de qualidade do fornecedor”, confirmando reportagem da Reuters sobre uma falha que atinge um “número limitado” de painéis.
Segundo um porta-voz, a Airbus está adotando “uma abordagem conservadora”, inspecionando todos os jatos que possam ter recebido as peças e ressaltando que “apenas uma parte precisará de ação adicional”. A companhia afirmou que a origem da falha já foi identificada e contida.
De acordo com uma apresentação confidencial revisada pelo Wall Street Journal, até 628 aeronaves podem ter recebido painéis com espessura fora das especificações. Desse total, 168 estão em operação, 245 em montagem final e 215 nas etapas iniciais de produção. Os painéis, fornecidos pela Sofitec Aerospace, foram afetados por falhas no processo de estiramento e fresagem que deixaram algumas partes mais finas ou mais espessas que o permitido.
A Airbus afirma que os painéis recém-produzidos já estão dentro das especificações. Testes em aeronaves ainda nas fábricas não indicaram riscos de segurança. Para os aviões já em operação, a empresa classificou como “improvável” o risco de descompressão rápida, possível apenas nos casos em que painéis muito finos possam ter sido afinados ainda mais em reparos. Ainda assim, sem inspeções, o risco “não pode ser descartado”.
Setores da indústria disseram à Reuters que o problema já vinha atrasando algumas entregas, embora não haja sinais de impacto em aeronaves atualmente em serviço.
As dificuldades surgem em um momento crítico. A Airbus entregou 72 aeronaves em novembro, abaixo do esperado por analistas, totalizando 657 jatos no acumulado do ano. Para cumprir a meta anual de “cerca de 820” entregas, a fabricante precisaria atingir um desempenho recorde de mais de 160 aeronaves em dezembro, superando o recorde histórico de 138 entregas no mês, registrado em 2019.
Além dos painéis defeituosos, a Airbus enfrenta uma série de desafios recentes, incluindo a necessidade urgente de atualizar o software do cockpit de cerca de 6.000 aeronaves A320, após a identificação de um bug que poderia provocar comandos incorretos durante eventos de radiação solar.
A família A320 permanece o principal produto da Airbus e um pilar de sua carteira de mais de 7.100 pedidos, crucial para manter a liderança global na aviação comercial.