Para os acionistas da Puma, 2025 tem sido um ano para esquecer, com relatos recentes sobre uma possível aquisição oferecendo apenas um fio de esperança. Embora as ações tenham se recuperado das mínimas na semana passada, elas ainda acumulam queda de 54% no ano, colocando a fabricante alemã de artigos esportivos no caminho para seu pior desempenho anual já registrado. Analistas veem pouca — ou nenhuma — recuperação nos próximos 12 meses.

Além das tarifas dos EUA — que também pesaram sobre as ações da rival Adidas — e de uma desaceleração mais ampla no setor de tênis e vestuário, a empresa sediada em Herzogenaurach enfrenta uma série de desafios específicos. Entre eles estão o impacto do excesso de descontos na marca e o avanço de concorrentes em rápido crescimento, como On, New Balance e Hoka, que vêm conquistando mais espaço nas prateleiras do varejo.

“A Puma tem enfrentado dificuldades para lançar produtos que realmente se destaquem em um mercado muito competitivo”, disse o analista David Swartz, da Morningstar. “Outras marcas chegaram e tiraram uma parte significativa de seus negócios.”

Puma enfrenta pior desempenho anual de ações já registrado
A receita da empresa deve cair 16% este ano, segundo estimativas da Bloomberg, que não projetam retorno ao crescimento antes de 2027.

A companhia atraiu interesse de potenciais compradores, com suas ações disparando 19% na última quinta-feira — o maior ganho desde 2001 — após reportagem da Bloomberg de que a chinesa Anta Sports Products está entre as empresas que consideram fazer uma oferta.

O maior acionista da Puma, a bilionária família Pinault, da França, já havia procurado potenciais compradores anteriormente. Mas, com as ações sendo negociadas perto do nível mais baixo desde 2016, a avaliação da empresa é vista como um grande obstáculo para qualquer acordo.

“Com as ações da Puma tão depreciadas, acho que será difícil para a família Pinault concordar com um prêmio atraente para um potencial comprador”, disse Felix Dennl, analista do Bankhaus Metzler. “Como a família não é acionista majoritária, um comprador sempre pode optar por acumular ações no mercado sem pagar prêmio.”

Um representante da Puma não quis comentar.

Fundada após uma briga que dividiu uma empresa familiar de calçados, a Puma foi criada em 1948 por Rudolf Dassler, depois que ele se separou do irmão Adi, que por sua vez fundou a Adidas.

A rivalidade entre as empresas continua, com o CEO Bjoern Gulden deixando a Puma antes de se juntar à Adidas em 2023. Desde então, as ações da Adidas superaram as da rival. Mais cedo neste ano, a Puma substituiu o sucessor de Gulden por Arthur Hoeld, veterano da Adidas.

Puma fica para trás da Adidas desde que Bjoern Gulden trocou de lado
A empresa — fabricante da bola oficial da Premier League e fornecedora de uniformes para Manchester City, AC Milan e Borussia Dortmund, entre outros — vem tentando se reinventar sob o comando do novo CEO. Hoeld prometeu cortar mais 900 vagas e direcionar o foco para corrida, futebol e treino.

Operadores e analistas continuam céticos de que uma virada esteja próxima.

“O plano estratégico apresentado pelo CEO não foi radical o suficiente” para mudar a visão dos investidores sobre a ação, escreveu Adam Cochrane, analista do Deutsche Bank AG, em relatório no mês passado. Entre os analistas acompanhados pela Bloomberg, ele está entre os mais pessimistas, com um preço-alvo de €16 (US$ 19), o que implica queda em relação ao nível atual de negociação.

O interesse em posições vendidas (short interest) na Puma voltou a crescer desde novembro, enquanto mais de dois terços dos analistas acompanhados pela Bloomberg têm recomendação de manutenção (hold) para a ação.

Queda das ações da Puma nos últimos 12 meses

Outros concorrentes incluem a Hoka, da Deckers Outdoor, e a On, apoiada por Roger Federer. As ações desta última subiram recentemente após resultados do terceiro trimestre acima do esperado e perspectivas positivas de crescimento.

Mas, ao contrário da On — sediada em Zurique e vendedora dos tênis de corrida mais caros do mercado, em média — a Puma tem enfrentado dificuldades para liquidar estoques excedentes, o que pressiona as margens e prejudica a marca.

“Se seus produtos entram em liquidação o tempo todo e são frequentemente remarcados para baixo, as pessoas deixam de pagar o preço cheio”, disse Swartz, da Morningstar. “É muito difícil corrigir isso depois que a empresa entra nessa situação.”