A decisão foi tomada um dia depois do presidente-executivo da companhia, Guillaume Faury, confirmar entregas “fracas” em novembro devido a um problema de fuselagem e afirmar à Reuters que a Airbus decidirá sobre o impacto para o resto do ano “nas próximas horas e dias”.
As ações da Airbus avançavam 3,7% nesta quarta-feira, após caírem quase 7% nas duas últimas sessões.
A empresa havia projetado anteriormente cerca de 820 entregas para 2025, um aumento de 7% em relação ao ano passado.
Analistas afirmaram que a decisão de manter as metas financeiras ilustra a rentabilidade da principal fonte de receita da Airbus, o A320, que recentemente ultrapassou o Boeing 737 como o modelo mais popular do setor, além do apoio das divisões de produtos militares e de helicópteros.
O problema de fuselagem afeta a espessura de alguns painéis, mas não está sendo tratado como um falha de segurança imediata, pois as peças ainda podem suportar tensões superiores às máximas que podem encontrar.
No entanto, poucas companhias aéreas estão dispostas a assumir o risco de caros reparos para descartarem a possibilidade de despressurização caso a aeronave sofra danos adicionais quando em serviço, e a Airbus teve que frear as entregas para iniciar inspeções rápidas.
Ao todo, 628 aeronaves devem ser inspecionadas, incluindo 168 em serviço, e fontes da indústria disseram no início desta semana que a falha foi encontrada em várias dezenas de aeronaves em produção. A Airbus afirmou que apenas uma parte das aeronaves precisará de mais reparos.
A falha afeta principalmente a parte frontal da aeronave, ao redor da porta de passageiros, mas os engenheiros também encontraram algumas falhas na parte traseira da aeronave, de acordo com uma apresentação vista pela Reuters.
Até cinco semanas
O jornal Air Current informou que cada reparo, que envolve a remoção e substituição de painéis, leva de três a cinco semanas.
Ao mesmo tempo que desfruta de uma forte demanda e preenche espaço deixando aberto por crises consecutivas na Boeing , a Airbus tem enfrentado dificuldades para atingir metas industriais. A empresa primeiro enfrentou questões relacionadas a motores, depois com assentos e agora com sua principal cadeia de suprimentos de fabricação, que sofreu atrasos e problemas técnicos.
A analista Chloe Lemarie, da Jefferies, observou que os atrasos nos motores, que têm afetado os planos de entrega da Airbus há mais de um ano, não foram mencionados na declaração que cortou a meta de entregas.
A Boeing, por sua vez, está finalmente se recuperando de uma série de crises no jato 737 MAX e afirmou na terça-feira que espera fluxo de caixa positivo em 2026. A empresa está conquistando mais vendas este ano, mas ainda está atrás da rival europeia em número de entregas.
Fontes da indústria disseram à Reuters que a Airbus entregou 72 aeronaves em novembro, número inferior ao esperado. A empresa deve divulgar dados mensais na sexta-feira.
A Airbus afirmou que as metas financeiras para o ano permanecem inalteradas. A empresa projeta um lucro operacional ajustado em torno de 7 bilhões de euros e um fluxo de caixa livre em torno de 4,5 bilhões de euros.
Analistas afirmaram que a decisão de manter as metas financeiras, apesar das entregas menores, sugere que a empresa estava caminhando para superar as previsões para o ano todo.
Analistas do Citi estimaram que as entregas menores que o previsto afetarão o lucro em 400 milhões a 450 milhões de euros e o caixa em 600 milhões de euros.