A China implementará um amplo sistema de licenciamento para exportações de aço, informou o Ministério do Comércio do país, no que pode ser uma tentativa de controlar os embarques recordes do metal que saem do país.

Os exportadores terão que pedir permissão para enviar uma série de produtos siderúrgicos a partir de 1º de janeiro, disse o ministério em um comunicado. O anúncio não deu nenhuma razão para os novos regulamentos, mas a medida ocorre no final de um ano recorde para as exportações de aço da China, o que tem alimentado tensões comerciais.

As licenças para as exportações de aço da China não são novidade, mas este plano provavelmente expandirá significativamente o escopo dos produtos cobertos. O ministério incluiu uma lista de cerca de 300 produtos específicos que exigirão a documentação, incluindo tipos usados em indústrias tão diversas quanto fabricação de automóveis, construção ou bens de consumo.

O regime expandido parece ser uma tentativa de coibir a evasão generalizada do imposto sobre valor agregado nas exportações que ajudou os fornecedores chineses a permanecerem competitivos nos mercados globais, disse Tomas Gutierrez, analista da consultoria Kallanish Commodities, por mensagem de texto.

“Muito provavelmente este é outro ajuste administrativo que terá um impacto maior no sentimento de curto prazo do que na redução real das exportações”, disse ele.

As exportações estão a caminho de atingir um recorde em 2025, com volumes acumulados no ano excedendo 100 milhões de toneladas nos primeiros 11 meses, de acordo com os dados comerciais mais recentes. Isso faz parte de um contexto mais amplo sobre a crescente dependência da China em relação às exportações à medida que a economia doméstica desacelera, com o superávit comercial anual ultrapassando US$ 1 trilhão pela primeira vez.

As exportações de aço da China desafiaram as expectativas de que diminuiriam em 2025 devido ao aumento do protecionismo e das taxas antidumping, já que o excesso de capacidade de aço significou que o produto barato inundou o mercado global. Em vez disso, os exportadores conseguiram mudar para novos mercados e produtos que não são afetados por quaisquer restrições.

As medidas mais recentes são separadas dos “controles de exportação de uso duplo” que a China impôs a terras raras e outros metais críticos, que exigem provas substanciais sobre o destino final dos produtos. Mas os exportadores de aço ainda precisarão obter aprovação formal para os embarques junto ao Ministério do Comércio, apresentando contrato de venda e certificados de qualidade.