Arroz, feijão, milho, trigo, laranja, açúcar, soja…praticamente tudo o que entra na mesa do brasileiro é produzido em território nacional. Não à toa, o país está entre os 4 maiores produtores de grãos do mundo, e é o segundo maior exportador, com 19% do mercado.
O agronegócio é responsável por mais de 20% do Produto Interno Bruto nacional. E segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, a participação do setor na economia deve atingir um terço do total neste ano.
No terceiro trimestre de 2021, a agropecuária recuou 8%. Analistas explicam que a queda ocorreu por causa do encerramento da safra de soja, e que a base de comparação anterior era muito alta, o que influenciou no recuo
Essa comparação alta diz respeito aos resultados do PIB de 2020. Com os efeitos da crise gerada pela pandemia de covid-19, o PIB brasileiro caiu 4,9% ano passado. Nesse período, o único setor da economia que cresceu foi a agropecuária, com avanço de 2%.
Mas apesar do desempenho acima da média, o investidor brasileiro ainda tem pouco acesso às empresas e ativos do setor agropecuário. Na bolsa de valores, por exemplo, apenas 10 empresas do setor agrícola estão listadas. E apenas as grandes companhias do setor da indústria de carnes estão no principal índice, o Ibovespa. São elas: JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3).
Fundos do agronegócio
É nesse cenário de alta do agronegócio e opções limitadas de investimentos no setor que surgem os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, Fiagro. A ideia é que o ativo funcione como os FIIs, os fundos imobiliários, mas nesse caso, do setor agrícola. Inclusive, não é coincidência que a lei que criou o Fiagro seja baseada na legislação que regulamenta os FIIs.
Estreado na B3 em agosto de 2021, esse tipo de fundo permite que pessoas físicas e jurídicas invistam no agronegócio brasileiro, contribuindo para a oferta de crédito no setor. A B3 conta com 15 Fiagros listados até o momento. Eles são geridos por instituições do mercado financeiro, como bancos e distribuidoras de títulos e valores mobiliários, assim como já acontece com fundos de investimentos e imobiliários. A expectativa é grande. A projeção é de que em 2022, os fundos de investimentos voltados ao agronegócio movimentem quase 15 bilhões de reais.
Existem três categorias de Fiagro. O sócio fundador da MAV Capital, André Ito, explica que Fiagro FIDC são fundos de investimentos voltados para a agroindústria que aplicam em direitos creditórios. Já o Fiagro FII é composto por ativos imobiliários, como CRAs e LCAs. Por fim, Fiagro FIP é formado por Fundos de Investimentos em participações.
Essa possibilidade de diversificação é apontada pelo especialista como uma das vantagens de investir no agronegócio através do Fiagro. Outro destaque é que, até agora, a maior parte da captação para o setor do agro estava concentrada nos bancos. Com o Fiagro, investidores em geral passam a ter acesso a um setor que tem muito a crescer. Por fim, Ito explica que o Fiagro é para ser encarado como um investimento a longo prazo.