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A nova revolução industrial é verde e social

O empresariado está começando a compreender que há um incentivo grande – do governo ao mercado financeiro – para investimentos em projetos sustentáveis. Entenda.

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Minhas emoções estão novamente afloradas com as perspectivas positivas que percebo no meu dia a dia de trabalho com projetos de ESG (da sigla em inglês, para ambiental, social e governança). Falo agora sobre aqueles relacionados à Reindustrialização Sustentável, coloquei em maiúsculo de propósito para exprimir a importância dessa nova forma de se produzir. Como economista de formação, começo a considerar que estamos adentrando uma nova era econômica mundial, tal qual foi a Revolução Industrial.

De duas semanas para cá, vivo um momento interessante que me fez escrever sobre esse tema e começar a criar teorias a respeito e, claro, formas de elaborar projetos sustentáveis para o setor industrial. 

Tudo começou, quando assisti ao seminário realizado pela FIESP – Federação das Indústrias de São Paulo – sobre o Mercado de Crédito de Carbono. O presidente da Federação inicia seu discurso de abertura dizendo que o Decreto 11.075 que institui o crédito de carbono tem que ser aproveitado pelo empresariado como uma oportunidade para se reindustrializar.

O discurso foi em linha com o que venho falando aqui nesta coluna, o empresário perspicaz está começando a compreender que há um incentivo grande do governo, do mercado financeiro e dos consumidores de seus produtos para que ele invista em projetos com modelagens sustentáveis. Começa a se tornar óbvio para ele que esse investimento dará retorno também no curto prazo e não só no longo prazo.

O crescimento do olhar do empresário para esse tipo de projeto foi a mim demonstrado por outras razões que aqui complemento, nessas últimas duas semanas aumentaram minhas reuniões com clientes de empresas industriais, todas elas originadas a partir da intenção de geração de crédito de carbono ou de certificado de crédito de reciclagem, mas que no decorrer da conversa percebemos que na verdade o que eles desejam é transformar completamente sua indústria, transformá-la em uma Indústria sustentável, reindustrializá-la verde e social.

Vamos pensar com a cabeça do empresário, antes, para ele criar uma logística reversa de seus resíduos sólidos industriais, dando uma destinação final com impacto baixo ambiental e social, ele tinha que gastar dinheiro, sem nenhum retorno financeiro. Pelo contrário, o custo era alto de estruturação de algo que anteriormente ele não gastava, tendo que cumprir uma meta setorial estadual, que em média, obriga uma reciclagem de no mínimo 22% de seus resíduos. Algumas metas setoriais ultrapassam esse número e chegam a mais de 70%.

Agora, esse empresário, que leu na minha coluna  que a partir do fim de dezembro de 2022 as matrizes de riscos bancários incluirão os riscos ambientais, climáticos e sociais, já percebeu que terá um forte incentivo para fazer sua logística reversa, ele conseguirá financiar esta reciclagem com os valores a serem recebidos no futuro com a venda de seus certificados de créditos de reciclagem para empresas que precisam cumprir suas metas e que não investiram em sua logística reversa. 

Quer mais? Ele poderá pedir emprestado aos bancos com prazos melhores de pagamento e juros menores. 

Obviamente a reindustrialização sustentável é um movimento muito novo, ainda não consegue chegar ao tamanho do que foi a revolução Industrial, mas os incentivos que estão sendo criados estão começando a influenciar o empresariado. Enfim, acredito que essa seja uma nova onda que o setor industrial deva surfar, então industriais, comecem!

*Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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