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Coluna do Samy

O que é inflação do encolhimento e por que ela afeta sua vida?

Quando o produto diminui e o preço de mantém, ele ficou mais caro.

Vendedora segura ovos em um mercado de rua no Rio de Janeiro, Brasil 08/07/2021 REUTERS/Amanda Perobelli

Já faz algum tempo, mas muita gente ainda deve lembrar quando uma barra de chocolate vendida no supermercado tinha 200 gramas. Caiu primeiro para 140 gramas, 100 gramas e hoje tem 80 gramas em muitas marcas. O preço até que ficou perto do mesmo lugar, mas o valor do produto é 60% menor.

Se a barra de 200 gramas custava R$ 5 antes, hoje, com um peso muito menor, é preciso gastar R$ 12,50 para comer a mesma quantidade de chocolate – 150% a mais do que antes. Para não culpar só a indústria de chocolate, a prática se repete com uma série de produtos. É o litro que virou 800 ml. A dúzia de ovos que caiu para dez ovos e por aí vai.

Nos Estados Unidos, o fenômeno é conhecido como “shrinkflation”. Termo em inglês que pode ser traduzido como “encolhinflação” ou inflação do encolhimento. Outros preferem o termo “reduflação”. Tenha o nome que tiver, é uma inflação fantasma. Não aparece nos números, já que o preço do produto continua o mesmo. Mas é sentida no bolso.

Consumidores não só brasileiros, mas no mundo todo, convivem há quase duas décadas com essas mudanças na indústria. Mas elas aceleraram na pandemia. Para cortar custos, muitos restaurantes diminuíram o número de garçons. O cliente agora faz o pedido usando um QR code na mesa e depois paga direto no caixa.

Um serviço que rastreia resenhas online nos Estados Unidos notou que as reclamações sobre falta de limpeza nos estabelecimentos aumentaram 5% no ano. Hotéis também não oferecem mais o serviço de quarto. Só que as pessoas seguem pagando como se tivessem recebendo os serviços.

Aqui no Brasil as mudanças de peso dos produtos precisam ser informadas no rótulo aos consumidores. Regra que é seguida pela maior parte da indústria. É direito dos fabricantes reduzir o tamanho em vez de aumentar preço e seguir podendo competir com os concorrentes. Mas como medir essa inflação?

Fora dos números oficiais, não é totalmente levada em conta por índices como o IPCA, que mede a inflação oficial. É mais fácil detectar mudanças nos produtos, mas difícil nos serviços. Como calcular que a lanchonete parou de limpar os banheiros? Ou que há menos caixas trabalhando no supermercado, obrigando os consumidores a esperarem mais na fila para pagar pelos produtos?

Quem acompanha este tipo de aumento de custo diz que não tem jeito fácil de calcular. Por isso, dificilmente a inflação não dá conta totalmente desse encolhimento. Até por ser visto como um fenômeno temporário, mesmo que muitos economistas apontem que as mudanças podem ter um caráter mais permanente.

*Samy Dana é Ph.D em Business, apresentador do Cafeína/InvestNews no YouTube e comentarista econômico.

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