A diversidade ou a equidade de gênero nunca será realmente alcançada se os homens não estiverem envolvidos na discussão, debate e ação. Com homens ocupando cerca de 80% dos cargos de liderança sênior, eles têm um papel importante a desempenhar em relação a esse tema.
É muito importante ter os homens como aliados e embaixadores da diversidade e equidade de gênero. Afinal, diversidade e inclusão impulsionam melhorias no desempenho financeiro, inovação, atração e retenção de talentos e eficácia da liderança. Para isso, um primeiro passo é tentarmos entender quais barreiras estão impedindo que mais homens se engajem e participem de todas as iniciativas necessárias para trazermos esses temas para a prática.
Em um estudo da McKinsey, mais da metade de todos os homens pesquisados achou que ter muitas iniciativas de diversidade de gênero para as mulheres é injusto com os homens. É preciso avançar em uma mentalidade que a diversidade é um ganha-ganha para todos e todas.
Eu acredito em três principais barreiras que impedem os homens de se envolverem mais ativamente na conversa sobre diversidade de gênero:
1. Falta de empatia: uma falta de preocupação com as questões da desigualdade de gênero, o verdadeiro significado de “essa dor não é a minha”.
2. Medo de perder seu espaço: os homens ainda podem se sentir ameaçados em perder status ou privilégios, bem como ter medo da desaprovação de outros homens por se engajarem no tema.
3. Falta de conhecimento: muitos ainda não compreendem de fato os benefícios reais da diversidade, que não se trata de uma competição e sim da beleza e potência de times mais diversos. Por não conhecer e compreender, muitos homens acreditam que não é meritocrático.
O que eu sinto é que atualmente muitas empresas estão tentando abordar e se envolver na tendência de diversidade e inclusão. Porém, a maioria ainda não descobriu e conseguiu encontrar práticas que de fato funcionem.
Quando deixamos de reconhecer a importância da diversidade e da igualdade em todas as etapas, como promoção, salário, reconhecimento e incentivos, toda a sociedade e ambiente é prejudicado. Ter pessoas competentes e motivadas ao nosso redor ajuda a todos e nos coloca em uma posição para inovar e fazer melhor.
Os benefícios das iniciativas de diversidade de gênero podem ser sentidos em diferentes níveis: como pessoa, como funcionário em uma empresa e como cidadão de uma nação.
Os países do mundo com a maior igualdade de gênero também tiveram a pontuação mais alta em felicidade, como a Noruega e Dinamarca. Existem pesquisas que relatam que os benefícios da igualdade de gênero vão além das mulheres, pois também afetam positivamente a vida dos homens.
Em termos de benefícios pessoais, um ambiente mais flexível e inclusivo permite que homens e mulheres sejam eles mesmos e escolham trajetórias de carreira adequadas aos seus estilos de vida e preferências. Além disso, existem benefícios comprovados da diversidade de gênero para as organizações.
Pesquisa da McKinsey mostrou que organizações com diversidade de gênero superaram organizações com menos diversidade em 15%.
Além da vantagem econômica, a pesquisa também mostrou que uma cultura inclusiva que permitiu que mais mulheres penetrassem em todos os níveis da organização levou a menores taxas de evasão, maior produtividade e maior engajamento da força de trabalho. Novamente, parece que as pessoas são genuinamente mais felizes quando homens e mulheres são vistos como iguais.
Então, qual papel os homens desempenham na criação de uma cultura de pertencimento para todas as mulheres?
Na minha opinião, o que os homens precisam fazer é o que seria esperado de qualquer líder, independentemente do sexo: compreender verdadeiramente por que isso é ou deveria ser importante para sua organização e para eles próprios como líderes. Esse tema dever estar claramente relacionado à estratégia da empresa. Além disso, estabelecer valores e uma cultura que apoie o tema. Os homens precisam se sentir confortáveis com isso e preparados para servir de exemplo para todos e a si próprios.
A transformação de fato só irá acontecer se os homens assumirem também o compromisso pessoal, tiverem coragem e ousadia para liderar o tema e se sentirem responsáveis pela mudança. Quando os funcionários enxergam seus líderes agindo de uma forma que apoia a cultura de pertencimento, eles se sentem engajados e capacitados para apoiar a mudança.
O lado bom de tudo isso é que eu tenho encontrado muitos homens de todas as idades interessados e engajados para aprender e conhecer mais sobre o tema. Curiosos em como podem participar e serem um agente de mudança e transformação.
E você, qual conselho daria aos homens para começar a apoiar a equidade?
*Co-fundadora do Fin4she, atualmente é responsável por liderar e implementar os projetos para promover o protagonismo das mulheres no mercado e a independência financeira feminina. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil, com mais de 800 mulheres do mercado inscritas. Foi executiva da Franklin Templeton por 10 anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. É mãe do Tom e do Martin e através do Fin4she tem a missão de promover uma transformação na carreira e vida das mulheres, para que iniciativas como essa não precisem existir mais no futuro. |
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