A Copa do Mundo do Catar representará uma quebra de paradigma no universo do marketing no futebol.
Invenção na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, o Fifa Fan Fest foi remodelado para o Mundial de 2022. Sai a festa do fã para entrar o festival do fã.
Mais do que mudar o nome de Fan Fest para Fan Festival, a Fifa promoveu uma mudança de conceito de como serão os espaços para relacionamento com o torcedor neste ano. Até então, o Fan Fest era um grande centro para o fã que gostasse de futebol. Os espaços se resumiam a um imenso telão com uma grande área para convívio dos torcedores. E, assim, todos celebravam juntos o amor pelo futebol.
O que muda em 2022 é a entrada de shows de música, daí a mudança de nome de Fan Fest para Fan Festival. No Catar, o conceito foi ampliado ainda mais. Em parceria com o Ministério do Turismo, foi criada a programação paralela Qatar Live, com mais de cem artistas internacionais, entre eles Black Eyed Peas, David Guetta, Maroon 5, Robbie Williams e Alok.
Assim como foi em 2006, na Alemanha, quando o Fan Fest foi criado para atender o torcedor sem ingresso, a ideia do Qatar agora é fazer com que seja desenvolvido um centro de entretenimento para o torcedor num país minúsculo e com escassas opções de lazer no intervalo dos jogos.
O interessante é notar que a ideia do Qatar se espalhou rapidamente para outros mercados. A Fifa fechou com a Budweiser e terá, em várias cidades do mundo, o Fan Festival. No Brasil, Rio de Janeiro (Copacabana) e São Paulo (Vale do Anhangabaú) receberão seus festivais. A ideia, por aqui, é aproveitar a primeira Copa do Mundo no verão brasileiro.
A entrada da música no universo da Fifa mostra, também, que a entidade já percebeu que não poderá se restringir ao fanático por futebol para atrair público. Logicamente que só esse espectro da população seria garantia de sucesso de venda de ingressos, mas é preciso ir além para atrair uma nova geração de fãs. Os do entretenimento completo. Algo que o mercado americano faz desde que o futebol americano inventou o show do intervalo no Super Bowl.
O impacto que essa atitude terá nos negócios é enorme. E, para as marcas, torna-se um motivo a mais para se juntar à febre da Copa do Mundo. Depois dos escândalos que minaram a reputação da Fifa em 2015, a entidade começa a arejar sua imagem para poder crescer.
*Erich Beting é jornalista formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e especialista em Gestão do Esporte pelo Instituto Trevisan. Começou a carreira no jornalismo esportivo na Folha de S.Paulo e, em 2005, idealizou e lançou a “Máquina do Esporte”, principal veículo sobre negócios do esporte no país. Foi ainda analista de negócios do esporte no UOL e Sportv, além de ter atuado como comentarista de futebol do BandSports. Venceu por duas vezes o Prêmio Comunique-se, na categoria de Melhor Jornalista de Marketing & Publicidade. |
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