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Evento automotivo indica recuperação da indústria e eletrificação de carros

Representantes do setor afirmam que crise dos chips está perto do fim e defendem etanol como caminho antes da popularização dos carros elétricos.

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A indústria automotiva caminha para a recuperação, mas ainda enfrentará muitos desafios nos próximos anos. Esta foi uma das conclusões do #ABX22, evento realizado na última quinta-feira (8), no São Paulo Expo, na capital paulista.

A análise foi feita por Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), que sinalizou com o fim da crise dos semicondutores.

“Pela primeira vez desde o começo da pandemia, nos reunimos em um evento sem nenhuma fábrica parada, enquanto algumas operam com terceiro turno. Temos um cenário de normalização. Hoje pensamos mais na demanda do que na produção. Ainda assim, há desafios com semicondutores, borracha e resina, entre outros”, admitiu Leite.

O presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad, concorda que o pior já passou. “Importante ressaltar que a parada das montadoras foi por componentes importados, não nacionais, e caminhamos para normalidade”, comentou.

O evento teve a participação de três mil profissionais e mais de 100 palestrantes, que se dividiram em seis trilhas de conteúdo: novas respostas aos desafios tradicionais da cadeia automotiva, oportunidades para a mobilidade no pós-pandemia, distribuição de veículos e experiência do consumidor, construção de soluções imediatas para o setor, transformação e evolução do segmento e ESG.

Frota elétrica longe das ruas

A eletrificação da frota no Brasil também esteve em pauta no #ABX22. 

“Enquanto temos 120 mil veículos eletrificados rodando, apenas 12 mil representam os 100% elétricos. Estamos ainda em patamar de nicho, com preços elevados”, disse Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting. “Nossa visão é que, em 2030, 65% das vendas globais serão de veículos eletrificados, enquanto o Brasil terá cerca de 30%. Hoje o Brasil tem 5% e o mundo, 30%”, cita.

Márcio Leite, da Anfavea, adotou outro caminho e defendeu a importância do etanol: “Consumidor quer ter acesso, mas devemos pensar na indústria brasileira, que tem o etanol como aliado à descarbonização. Isso pode gerar produtos a preços mais baixos e trazer as pessoas para a compra do automóvel”, afirma. 

Enquanto o desenvolvimento da tecnologia puramente elétrica parece distante da indústria brasileira, Cardamone apontou uma saída mais viável.

“Acredito que o Brasil vai seguir a rota da hibridização leve até chegar à eletrificação pura. Precisamos incentivar a célula a combustível a hidrogênio, tecnologia que deve ser fomentada pelo governo para que lidere essa área também para exportações”, disse o CEO da Bright. 

Paulo Guedes promete fim do IPI e defende etanol

Entre os convidados, o #ABX22 contou com a presença do Ministro da Economia, Paulo Guedes, que encerrou o evento com um discurso “anti-IPI”.

Para ele, o imposto “deveria se chamar ICPI, Imposto Contra Produtos Industrializados, pois ele destrói a indústria brasileira”. Como já fez em ocasiões anteriores, Guedes prometeu zerar a alíquota deste imposto.

Embora tenha afirmado que “a indústria brasileira não está e não estará em risco”, Guedes disse que “o processo de reindustrialização tem duas alavancas: a reorganização das cadeias globais de produção e o custo da energia”.

Sobre a eletrificação da frota, o Ministro disse que “ninguém vai do elétrico do dia para a noite” e que “a forma mais fácil e barata (para chegar à eletrificação) é passar pelo etanol”.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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