Quando a Fiat divulgou as primeiras imagens oficiais do Fastback, as opiniões se dividiram. Houve quem aprovou o visual, enquanto outros não curtiram muito a proposta da marca para o segmento de SUVs cupês compactos, onde o Volkswagen Nivus reina sozinho neste momento. Sobraram até comparações com os BMW X4 e X6.
Seja de qual lado você estiver (se é que escolheu um), o Fastback promete ser um sucesso de vendas – como acontece em todos os lançamentos recentes do grupo Stellantis, o qual a Fiat faz parte. Se isso realmente ocorrer, parte do mérito vai para a equipe de design da marca italiana, que fez um trabalho muito competente aproveitando a base de outro produto já existente: o Cronos.
Do sedã vieram diversos componentes de acabamento e até da carroceria. Observe com atenção os recortes das portas dianteiras e traseiras. São exatamente as mesmas nos dois veículos. Goste ou não, a ideia é muito boa do ponto de vista de economia de custos, mas não é nova: outros modelos usam esse recurso.
Apesar do “parentesco”, o Fastback lembra muito pouco o Cronos. As linhas são mais imponentes e musculosas, como convém a um SUV. Atrás, a curvatura do teto mais alongada termina na traseira saliente, que traz lanternas mais finas – daí a tal da semelhança com os modelos da BMW. Justamente por alguns recursos de design é que o resultado final faz com que o modelo da Fiat pareça maior do que realmente é, embora a fabricante ainda não tenha revelado as dimensões do Fastback.
A estreia do novo modelo acontecerá apenas em outubro, mas parece que a Fiat não faz mais questão de escondê-lo após divulgar as primeiras imagens oficiais. Várias unidades já foram flagradas nas ruas de Belo Horizonte (MG), cidade próxima à sede da Fiat. Até mesmo um carro foi visto durante a gravação do que parece ser um comercial, dentro de um condomínio em Barueri (SP).
A arte de criar novos carros
Como já falamos no começo do texto, o Fastback não é o primeiro nem será o último projeto baseado em um outro projeto existente.
Nem é preciso ir tão longe para achar um bom exemplo. O Pulse nasceu na sombra do Argo, embora a Fiat não goste de dizer isso. Diversas partes são compartilhadas entre os carros, algo que fica bastante evidente logo no primeiro contato.
Quem fez um trabalho mais competente de “camuflagem” foi a Volkswagen com o Nivus. O design elaborado do futuro concorrente do Fastback esconde algumas semelhanças com o Polo, com quem compartilha as portas dianteiras e o teto. O resultado ficou tão bom que, segundo os executivos da marca, os alemães não acreditaram que havia peças de Polo no projeto.
Embora ainda seja cedo para dizer como será a aceitação do Fastback no país, dá para prever que muita gente vai comprá-lo sem sequer desconfiar que existe algo de outro carro nele. Até porque se tem uma coisa que a Fiat sabe fazer é usar os limões que a vida dá para fazer uma boa limonada.
| *Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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