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Experience Club

Mentes Brilhantes: chegou a hora de sua empresa fabricar inovação

Uma conversa com o CEO da Fábrica de Startups sobre os desafios em introduzir a cultura da inovação dentro das corporações, e o ecossistema de investimentos que envolve os novos negócios do mercado.

Hector Gusmão, CEO da Fábrica de Startups

O conteúdo de hoje da série “Mentes Brilhantes” é uma conversa com um dos principais nomes do mercado quando o assunto é startups e inovação dentro das grandes empresas. Do alto de seus trinta e dois anos, Hector Gusmão, CEO da Fábrica de Startups – aceleradora de origem portuguesa que chegou ao mercado brasileiro em 2018 – fala das oportunidades e desafios do mercado impactado pela pandemia, a importância de se estruturar o processo de inovação dentro das corporações para atingir os objetivos, e como as startups e as grandes companhias se conversam no mercado atual para alavancar seus negócios.

CAPÍTULOS DA SÉRIE:

Hoje atuando com empresas do porte de L’Oreal, Shell, Light, Tishman Speyer e Aliansce Sonae, ele conta que atua para gerar inovação nas companhias tendo como base três pilares: 1) Cultura de Inovação, que abrange desde as lideranças até o nível mais operacional e que abrange uma série de programas, metodologias e construção de estruturas dentro da companhia; 2) Open Innovation, que é o mapeamento dos desafios da companhia para alocá-los em cada um dos estágios de uma startup; 3) Branding, que é o trabalho realizado para posicionar a corporação para que ela seja percebida no mercado como uma marca líder em inovação.

Como você define a Fábrica de Startups?

Estamos passando por um momento de reposicionamento para deixar de ser uma fábrica de startups e se tornar uma fábrica focada em inovação. E isso significa ser uma empresa “one stop shop”, onde desde a fase da cultura até o nível mais evoluído que é o corporate venture capital – ou corporate venture builder, que é construir uma startup junto com a corporação – ela pode encontrar relacionando com a startup. O importante é que as diversas iniciativas estejam conectadas com o nosso programa, porque aí ele se torna de fato estratégico para as companhias.

E como você enxerga as oportunidades e os desafios de 2021?

Primeiro que ainda estamos em uma fase de pandemia onde todo mundo tem sofrido de diferentes maneiras. Mas nesse cenário, as startups que conseguirem trazer eficiência nas vendas, na digitalização e nas áreas onde as grandes companhias têm sido impactadas pela crise, será onde as startups vão crescer por conseguir grandes clientes. Outra oportunidade é que o país nunca viveu em sua história tanta liquidez e juros tão baixos. Assim como Portugal passou por sua maior crise econômica a partir de 2012, pessoas físicas vão passar a se estruturar melhor para investir em startups. O desafio é como essas pessoas vão se mobilizar em estruturas para que estejam aptas a investir e gerar valor para as startups, assim como ser atrativas para essas startups. Por último, em todas as crises mundiais, percebemos que há uma grande quantidade de talentos querendo empreender. Então, muita startup vai nascer, e muitos profissionais vão querer empreender, e para isso é preciso ajudá-los para ter capacidade de criar um negócio de sucesso.

2) A gente vem acompanhando as grandes empresas investindo muito na cultura de startups. Você acredita que esse movimento seja indispensável para o mercado? E se sim, qual seria o playbook ideal?

Sem dúvida. A literatura tem discutido muito que essa pandemia acelerou o processo de inovação em até 10 anos. Acho que a grande mudança é que a inovação tem que definitivamente deixar de ser aquela espuma em alguns casos. Não faz mais sentido fazer um programa isolado aqui, um workshop ali… o negócio tem que ser estruturado. E para isso, as companhias começam a ser pressionadas a partir do Conselho para enxergar as startups como algo estratégico para a empresa. Por outro lado, há um desafio muito grande do Conselho dar as metas adequadas para a companhia como um todo, e entender que o processo de inovação requer tempo para ter uma estrutura propícia para isso ocorrer.

Um segundo ponto desse playbook é a necessidade da liderança enxergar que esse processo precisa ocorrer de maneira transversal dentro da companhia, com uma mudança cultural interna, o perfil dos profissionais que serão contratados, a agenda de desenvolvimento que precisa ser feita etc. Tudo isso para estar estruturada para esse longo processo que é introduzir a inovação dentro de uma grande empresa. Por último, tem dois livros que já se tornaram clássicos sobre o tema: “O Estilo Startup”, do Eric Ries, que traz uma perspectiva de que o assunto startup é muito sexy, por assim dizer, mas ele tem um desafio enorme para poder acontecer, e o grande case é com a GE (leia aqui o resumo do Experience Club sobre a obra); e “Walking the Talk”, da Carolyn Taylor, onde ela explica como formatar uma cultura dentro de uma empresa citando especificamente a cultura de inovação.

3) Outro movimento que está em alta é o de criação de corporate venture capital pelas grandes empresas. Estamos no momento certo? Quais são os principais desafios?

4) Estamos em um momento de alta liquidez financeira das empresas e dos investidores. Estamos em um momento mais maduro das startups. E estamos em um momento de muitas demandas por inovação e novos modelos. Onde a Fábrica de Startups se encaixa?

Dentro desse nosso processo de adaptação ao mercado, tivemos muito mérito em construir um business que entrega algo estruturado para as companhias. As lideranças estão olhando os desafios que suas empresas têm e vendo que precisam estruturar um programa de inovação, e a Fábrica de Startups tem esse know how para fazer. E fazemos esse trabalho como um time só, sabendo o que compete à companhia dentro dessa estrutura de corporate innovation, e o que a Fábrica tem o know how e pode assumir dentro desse processo como um todo para não onerar tanto a grande empresa. Fazemos isso apoiando a empresa nesse processo para ter mais chance de sucesso. Pelo lado das startups, nosso modelo toma como base que o empreendedor precisa estar focado em gerar crescimento em sua receita, e também o momento certo que ele pode captar o investimento. Ou seja, quando ele se conecta com a corporação e ela passa a consumir aquele produto, ele vai crescer de uma forma muito orgânica pois passa a ter um grande cliente. A Fábrica ajuda essa startup a crescer com metodologias, mentorias e apoio das corporates que traz com sua atuação, mas também com a demanda dessas corporates para comprar esse produto. Dessa forma ela fica muito preparada reduzindo as chances de fracasso ao receber o aporte de um investidor. Por isso somos um “deal flow” muito rico para investidores que buscam opções de startups para investir. Também estamos criando uma plataforma chamada Fabfy que é para capilaridade no Brasil todo para fazer matchmaking entre startups com corporações, onde analisamos o crescimento dessa startup para sinalizar qual é a ideal para receber o aporte por um investidor. Dessa forma, conseguimos agregar um maior potencial de investimento para esse interessado em fazer um aporte, e ao mesmo tempo, apoiamos o crescimento da startup. É um ecossistema muito rico onde a Fábrica sabe muito bem que não joga sozinha e sim com o relacionamento com as corporações, e também com parceiros estratégicos.

5) Você é um jovem empresário e tem o privilégio de acompanhar as inovações de perto. O que será do nosso mercado em 2030? Essa é a década exponencial?

De fato estamos vivendo um período exponencial de tecnologias, que estão se desenvolvendo em uma velocidade altíssima. O maior exemplo disso é que jamais uma vacina foi desenvolvida em tão pouco tempo como essa da Covid-19, sendo que a primeira instituição que identificou a possibilidade de uma pandemia surgindo na China e que alertou a OMS foi uma startup canadense que trabalha com Inteligência Artificial. O grande desafio é que as corporações não estão mais sozinhas nesse jogo, quando as pessoas começam a perceber que podem criar o seu próprio negócio – sem as amarras do capital pois o mercado está muito líquido, sem as amarras de tecnologia pois hoje se consegue um desenvolvedor com preço muito baixo e com capital muito grande mundo afora – como essa companhia consegue se estruturar para que ela seja ágil, que atraia os melhores talentos, e perceba que tem um ativo na mão com potencial para construir novos negócios. É o caso do setor de hotelaria, quando iríamos imaginar que um hotel poderia se tornar uma cozinha colaborativa, com quartos compartilhados para ser um escritório, com espaços para abrigar uma startup, ou seja, o hotel é um ativo onde se pode criar diversos business dentro dele e não atuar apenas de maneira segmentada. Então, eu acredito que toda essa exponencialidade de tecnologias, principalmente com a pandemia, vem para melhorar a vida das pessoas. E nesse cenário, o ESG passa a ter um protagonismo gigantesco. Quando falamos de meio ambiente e responsabilidade social, e identificar como tecnologias e soluções de empreendedores ou de grandes empresas vão ajudar essas questões acontecerem na prática. Além disso, a quantidade de novos negócios que serão criados a partir dos dados para tomadas de decisão rápida e preditiva voltada para saúde, compra online, ou qualquer outra ação que favoreça a vida das pessoas, eu não tenho dúvidas que vai acontecer em uma velocidade muito grande.

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