Naquele momento eu entendi tudo, esse amor de mãe pelos
filhos, essa conexão eterna. Não existe maternidade sem transformação. Ou
melhor, maternidade é transformação!
Trago esse contexto, pois no último domingo nós celebramos o Dia das Mães e eu fiquei refletindo sobre qual seria a mensagem mais importante para falarmos sobre esse tema em tempos tão difíceis. Neste momento em que nós, mulheres e mães, estamos entre as mais afetadas pelos efeitos da pandemia provocada pela covid-19. Em que mães enfrentam uma “fadiga pandêmica”, termo já usado para descrever essa exaustão, cansaço extremo.
Confesso que
também me sinto cansada, apesar de uma rede de apoio maravilhosa e conforto.
Acredito que é um cansaço mental, uma necessidade que nós mães sentimos de nos
manter bem, firmes e sermos perfeitas em todos os papéis que nos são colocados.
E são nesses
momentos de exaustão que eu tento me reconectar com aquele olhar. O olhar de
mãe. Afinal, os meus filhos são minha fonte de força e inspiração.
Diante disso
tudo, qual é o nosso papel e o que devemos fazer para proteger e capacitar as
mães para fortalecer nossas economias e sociedade?
Uma pesquisa recente feita pela Fin4she sobre carreira e maternidade revelou que:
- 65% das mulheres pesquisadas se questionam sobre
a maternidade com medo de impactar negativamente a carreira - 53% adiaram o plano de engravidar com receio de
impactar a sua carreira - 35% ainda acreditam que não foram promovidas ou não
foram indicadas para uma vaga de gestão pelo fato de serem mães - 85% sentem que gestoras que são mães são mais
empáticas com funcionárias que têm filhos - 48% dizem conseguir equilibrar bem seu tempo
entre se dedicar ao trabalho e filhos - 36% sentem que gestores se incomodam quando
precisam resolver algum assunto relacionado a filhos no horário de trabalho
A maternidade
pode fazer com que as mães encarem sua carreira com mais propósito. Afinal, 57%
das mulheres dizem que seus objetivos profissionais mudaram após se tornarem
mães.
Como sociedade, nós precisamos falar mais sobre isso. Mães não deixam suas paixões, ambições e objetivos na sala de parto. No meu caso, e acredito que para muitas, foi simplesmente o oposto. A maternidade nos deixa mais motivadas para transformar, causar impacto, impulsionar negócios e principalmente trabalhar por algo maior, que faça sentido.
Por isso,
proponho uma reflexão:
E se olharmos o outro ângulo da maternidade na carreira?
Na minha
experiência, ao conversar com várias mulheres, todas falam que a transformação
da maternidade na carreira foi extremamente positiva, do ponto de vista que
elas se tornaram profissionais melhores. Por outro lado, no mercado, os vieses
e preconceitos ainda existem: “ela não vai ter mais tempo”; “não terá o mesmo
foco ou o foco será dividido”; “será que ela volta”; “vai trabalhar e produzir
menos” etc.
Existem
diversas pesquisas que falam no impacto positivo na carreira de mulheres depois
de se tornarem mães. A maternidade nos prepara neurologicamente para
desenvolver habilidades específicas que não são apenas relevantes, mas necessárias
para o sucesso no ambiente de trabalho nos dias de hoje.
A maternidade desenvolve e fortalece
habilidades fundamentais para o ambiente profissional, como:
- Inteligência emocional:
a maternidade ensina que você deve aceitar seus filhos como eles são e
se adaptar às suas necessidades e desejos. Nós, por sua vez, aprendemos como
cultivar o melhor nos outros em casa e no escritório, o que é uma habilidade
muito forte de grandes líderes
- Empatia
- Eficiência do tempo: mães que trabalham fazem
mais em menos tempo
- Aprender a pedir ajuda
E aqui entra um
ponto importante: não é só sobre
maternidade. É sobre paternidade também que precisamos falar. Precisamos
ter responsabilidade iguais como funcionários. As empresas precisam dar pesos
iguais aos seus funcionários em relação à maternidade/paternidade. Enquanto só
a mulher for responsável por colocar um ser humano no mundo, do ponto de vista
profissional, nunca haverá equidade de gênero.
Os meus filhos
me trouxeram toda inspiração e coragem para começar um projeto novo, empreender
um sonho. Hoje, com 37 anos e 2 filhos (2 e 4 anos), estou vivendo meu melhor
momento profissional, de muita realização, dedicação e propósito. A maternidade
me trouxe confiança, me fez acreditar mais em mim mesma. Meus filhos são parte
da minha carreira.
Portanto, não é
uma questão de escolha entre ser mãe ou profissional.
É questão de sermos humanas.
*Co-fundadora do Fin4she, atualmente é responsável por liderar e implementar os projetos para promover o protagonismo das mulheres no mercado e a independência financeira feminina. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil, com mais de 800 mulheres do mercado inscritas. Foi executiva da Franklin Templeton por 10 anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. É mãe do Tom e do Martin e através do Fin4she tem a missão de promover uma transformação na carreira e vida das mulheres, para que iniciativas como essa não precisem existir mais no futuro. |
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