Foi confirmada a vinda para o Brasil do evento climático e ambiental mais relevante do mundo, a COP-30, Conferência Internacional das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas que será realizada em novembro de 2025, em Belém do Pará.
Temos que aproveitar esse gigantesco evento para apresentarmos projetos relevantes para a Amazônia e para a população brasileira, como a geração de milhares de empregos verdes.
O anúncio da vinda da COP-30 foi realizado pelo próprio Presidente Lula e veio em resposta ao pleito feito no ano passado durante participação na COP-27 cujo principal argumento foi que a Amazônia é sempre tema de destaque nas Conferências Climáticas e que por isso fazia muito sentido que o evento fosse realizado aqui, para que os participantes pudessem conhecer suas floresta e riquezas.
Com o aceite da ONU, seguindo o rito das Conferências Climáticas anuais, o Brasil terá o direito de escolher o presidente da COP-30 e de sugerir a pauta do evento.
Ou seja, o governo tem a oportunidade máxima não só de aumentar a vinda de mais recursos financeiros para projetos ambientais, de florestas, mares e demais ecossistemas, mas de conseguir demonstrar que o impacto social deveria se tornar uma das pautas principais em conjunto com o fim do desmatamento, mobilização de recursos financeiros mundiais para a ambição de carbono neutro e outros assuntos com foco mais no E, de ambiental em inglês, da sigla ESG (acrônimo em inglês para aspectos financeiros ambientais, sociais e de governança).
Quando o país sede coloca um tema na pauta, obrigatoriamente ele tem que ser exaustivamente debatido para se encontrar soluções que possam ser utilizadas pelos países signatários do documento final da Conferência. Com isso, o assunto passa a se tornar pauta das próximas COPs.
Por conseguinte, caso o Brasil coloque esse tema na pauta ficará marcado o posicionamento do país em prol do Social da sigla ESG, inédito nesse tipo de Conferência Climática da ONU e extremamente relevante para todos os países, principalmente, os mais vulneráveis.
A capacitação e a promoção de empregos verdes para a população local dos projetos ambientais que serão financiados pelos governos para chegada ao carbono neutro no mundo até 2050 pode se tornar uma solução para um grande problema social que vivemos, principalmente, se tais empregos fossem gerados para a população mais jovem, maioria de desempregados no Brasil.
Só para vocês terem uma ideia, segundo levantamento recente do Ministério do Trabalho e Emprego, temos hoje no país 5 milhões e 200 mil desempregados entre 14 e 24 anos de idade. Essa população jovem corresponde a 55% do total de desempregados que hoje no Brasil é de 9,2 milhões de pessoas.
Ademais, resolvem-se outras questões sociais do ESG como inclusão social e diversidade de raça e gênero porque desse total de desempregados da população jovem, 52% são mulheres e 66% são de pessoas pretas e pardas.
Vamos aguardar, mas espero que o governo brasileiro compreenda a importância de incluir na pauta climática da COP-30 que sediaremos o impacto social relevante de geração de empregos verdes para a população, principalmente, para aquela que representa o nosso futuro, os jovens.
Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.
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