Muito se tem falado sobre os avanços dos temas relacionados ao Environmental, Social and Governance (ESG) e é praticamente impossível não nos depararmos diariamente com novas iniciativas, estatísticas e especialistas mostrando caminhos ou oportunidades.
Mundialmente são inúmeras instituições tendo como seu foco, principal ou não, os temas relacionados aos pilares ESG, como por exemplo: GRI-Global Report Initiative, SASB-Susteinability Accounting Standards Board, TCFD-Task Force on Climate-related Financial Disclosures, COSO-Committee os Sponsoring Organizations of the Treadway Commission, IFAC-International Federation of Accountants, IAASB-International Auditing and Assurance Standards Board , IFC-International Finance Corporation etc… entre mais algumas dezenas, sem nenhum exagero, apenas para citar algumas das mais conhecidas.
No Brasil temos inúmeras iniciativas e organizações privadas, públicas e mistas, além de inúmeras ONGs e institutos dedicandos ao tema. Neste mês de novembro, tivemos a COP27, com ainda mais iniciativas e recomendações.
Lemos e tomamos ciência que existem trilhões de dólares disponíveis para investimentos relacionados aos pilares ESG, principalmente iniciativas voltadas para sustentabilidade.
Mas todos no planeta concordam com esse movimento “pró-ESG”? A resposta é “não”.
Cresce rapidamente, em vários países, um conjunto de ações, isoladas ou não, que criticam duramente as iniciativas “pró-ESG”, principalmente baseando-se em argumentos de que suas economias precisam ser protegidas e que a legislação precisa garantir seus recursos naturais e suas indústrias, protegendo empregos e os produtos internos brutos.
Segundo os defensores de tais ideais, bancos, gestores de ativos e empresas utilizam seu poder econômico para impor uma ideologia progressista na sociedade, não considerando a profundidade adequada as necessidades prementes.
Nesse cenário de reflexão sobre as prioridades ESG, podemos citar exemplos de como alguns setores da economia tem se comportado: contratação de pessoas exclusivamente por critérios de entrega de resultados e não em função de raça, gênero ou questões políticas; direcionamento de investimentos que refletem positivamente nos resultados de curto prazo, deixando questões de sustentabilidade em segundo plano; crescimento de instituições financeiras que direcionam seus recursos de maneira mais voltada a economia do presente (dias atuais), mesmo que temas sociais e ambientais não sejam priorizados. E por aí vai…
Muitos especialistas entendem que tais movimentos “anti-ESG” sejam reflexo de discussões rasas sobre o tema, além de excessivo marketing. É comum vermos empresas que fazem propaganda de temas marginais ou com pouca relevância, por exemplo, alguma doação ou ao dizer que é uma empresa verde, mas não pagam impostos ou seus colaboradores não trabalham com as melhores condições.
Dentro de um cenário nacional e global com tantas incertezas, faz sentido que temas ESG tenham apoiadores e críticos, pois estamos falando de assuntos muito complexos e que afetam bilhões de pessoas. Nada mais justo que debates ocorram em todos os segmentos das sociedades e mercados, pois ainda existe muito a se aprender e a evoluir.
ESG veio para ficar. Acertaremos, erraremos, faremos planejamentos não muito assertivos, em algumas situações usaremos mal os recursos, mas o mais importante de tudo é que temas sociais e ambientais estejam na pauta dos governos e das empresas, como nunca estiveram.
Vamos em frente e que 2023 seja um ano de consolidações e novas conquistas!
Marcos Rodrigues é sócio da BR Rating e da MRD Consulting. C-Level e membro de Conselhos nas áreas de tecnologia, serviços, indústria, saúde, varejo, educação e transporte no Brasil e exterior. |
As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
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