O livro “Grande Magia – Vida Criativa sem Medo”, de Elizabeth Gilbert, é a leitura que recomendo esta semana. O que me chama atenção na obra é a importância de uma das habilidades humanas (soft skills) que estará em alta até 2025, segundo o Fórum Econômico Mundial: a criatividade, presente mais do que nunca em todo processo de gestão e inovação no mundo dos negócios.
Falar de Elizabeth Gilbert é lembrar do livro de memórias Comer, rezar, amar , um best seller traduzido em mais de 30 idiomas e tema do filme com mesmo nome estrelado por Julia Roberts. A revista Time apontou a premiada escritora americana de ficção e não ficção como uma das cem pessoas mais influentes do mundo.
“A vida tem uma regra simples e generosa: você melhorará em tudo aquilo que praticar. E mais. Você não precisa da permissão de ninguém para levar uma vida criativa”. Esse é um dos mantras de Elizabeth Gilbert .
O motor da criatividade é a curiosidade
Segundo Elizabeth Gilbert, “viver criativamente” é ampliar os horizontes. “Estou falando de viver uma vida mais motivada pela curiosidade do que pelo medo. Quando falo de uma vida criativa é uma vida mais ampla. É uma vida maior, mais feliz e muito, muito mais interessante. Viver dessa maneira — contínua e obstinadamente trazendo à tona as jóias escondidas dentro de você — é uma arte em si. Porque é na vida criativa que se descobre a Grande Magia”, pontua, com maestria a escritora.
Neste sentido, a magia vem de viver curiosamente de maneira mais ampla criar seu portfólio de curiosidades desde de viagens, leituras, sabores de pratos, vinhos, filmes, amizades, religiosidade. A criatividade consiste simplesmente conectar pontos desse portfólio . “Dedique-se àquilo que o fascina e lhe dá vida. Crie o que quiser criar”, cita Elizabeth, em trechos do livro.
O inibidor da criatividade: o medo
A fantástica lista que Elizabeth Gilbert nos traz como inibidores da criatividade é extensa:
– Você tem medo de não ter nenhum talento.
– Você tem medo de ser rejeitado, criticado, ridicularizado, incompreendido ou — pior de tudo — ignorado.
– Você tem medo de não existir mercado para sua criatividade e, portanto, de não haver sentido em correr atrás dela.
– Você tem medo de que alguém já tenha feito melhor. Você tem medo de que todo mundo já tenha feito melhor.
– Você tem medo de que alguém vá roubar suas ideias e, por essa razão, acha melhor mantê-las escondidas para sempre no escuro.
– Você tem medo de não ser levado a sério.
– Você tem medo de que seu trabalho não seja política, emocional ou artisticamente importante o suficiente para mudar a vida de alguém.
– Você tem medo de que seus sonhos sejam considerados tolos.
– Você tem medo de um dia olhar para trás e ver que seus esforços criativos foram uma enorme perda de tempo, empenho e dinheiro.
– Você tem medo de não ter o tipo de disciplina necessária.
– Você tem medo de não ter o lugar certo para trabalhar, as condições financeiras ou a disponibilidade de tempo para se concentrar em invenções ou novas buscas.
– Você tem medo de não ter o tipo certo de treinamento ou formação.
– Você tem medo de ser gordo demais. (Não sei exatamente o que isso tem a ver).
A preguiça e o perfeccionismo: os ladrões ocultos da criatividade
A preguiça e o perfeccionismo segundo a autora são os ingredientes essenciais para a inércia e o sofrimento. Se quiser ser feliz em sua vida criativa, não cultive nenhuma dessas duas características. Pelo contrário, aprenda a ser um criador meia-boca profundamente disciplinado.
A primeira coisa a fazer é esquecer a perfeição. Não temos tempo para a perfeição. De qualquer forma, ela é inatingível: é um mito, uma armadilha, uma roda de hamster que vai fazê-lo correr até morrer. Como resumiu muito bem a escritora Rebecca Solnit: “Muitos de nós acreditam na perfeição, o que estraga todo o resto, pois o perfeito não é inimigo somente do que é bom, mas também do que é realista, possível e divertido”.
O perfeccionismo impede as pessoas de terminarem seus trabalhos e, o que é ainda pior, muitas vezes as impede de começarem seus trabalhos. Perfeccionistas com frequência decidem de antemão que o produto final nunca será satisfatório, então nem se dão ao trabalho de começar a criar. Porém, a artimanha mais diabólica do perfeccionismo é se disfarçar de virtude.
Em entrevistas de emprego, por exemplo, as pessoas anunciam seu perfeccionismo como se fosse sua maior qualidade, orgulhando-se exatamente daquilo que as impede de aproveitar ao máximo seu comprometimento com a vida criativa. Exibem o perfeccionismo.
Permita-se ser imperfeito
E conclui Elizabeth Gilbert, permita que seja estupendamente imperfeito, pois é muito provável que ninguém vá perceber. E isso é o máximo! Feito é melhor do que perfeito.
“A única razão pela qual pude persistir em terminar meu primeiro romance foi permitir que ele fosse estupendamente imperfeito. Esforcei-me para continuar escrevendo, ainda que desaprovasse com veemência o que estava produzindo. Aquele livro estava tão longe de ser perfeito que me levava à loucura. Lembro-me de ficar andando de um lado para outro no quarto durante os anos em que trabalhei nele, tentando criar coragem para voltar àquele manuscrito apagado todos os dias, apesar de sua péssima qualidade, relembrando-me desta promessa: “Nunca jurei ser perfeita ”
Então, o que aprendi novamente com esse livro? Comece a praticar uma vida criativa e plena sem rodeios no seu dia a dia e no mundo empresarial. E, repetindo as palavras da autora: “viver criativamente” é ampliar os horizontes. Viver uma vida mais motivada pela curiosidade do que pelo medo. Quando falo de uma vida criativa é uma vida mais ampla. É uma vida maior, mais feliz e muito, muito mais interessante.
*Aloisio Sotero é professor de Finanças para Economia Digital e cofundador da Baex, escola internacional de educação para Executivos.