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Vale a Leitura: ‘Reinvente sua Empresa’ é uma verdadeira partitura de gestão

Aloisio Sotero
Imagem de divulgação: Aloísio Sotero.

Um livro que é uma verdadeira partitura de insights para reger uma gestão inovadora nos dias atuais. Agora a batuta está em suas mãos.

No livro “Reinvente sua Empresa“, os empreendedores norte americanos Jason Fried e David Heinemeier Hansson nos trazem reflexões baseadas em suas experiências na gestão dos negócios de forma diferente, apenas mudando o ponto de vista. Não são verdades absolutas, mas nos fazem no mínimo “pensar diferente” com artigos citados em revistas como Time, Newsweek e Wired.


Os primeiros fundamentos que os autores destacam para compor uma belíssima partitura de gestão:

  • Uma empresa sem um plano para dar lucro não é uma empresa, é um hobby 
  • Supervalorizar os erros é um equívoco 
  • Aprende-se mais com o sucesso 
  • A forma mais fácil e direta de criar um ótimo produto ou serviço é fazer algo que você queira utilizar
  • Comprove, demonstre o quanto há de esforço e dedicação embutidos no seu produto ou serviço

O que aprendemos com os erros? Apenas o que não devemos fazer de novo

“Aprender com os erros é um equívoco, uma noção distorcida desfocada da realidade”,  reforçam os autores. Mas qual é o valor disso, se continuarmos sem saber o que devemos fazer da próxima vez?

O sucesso é o que nos leva a outro patamar 

O sucesso nos brinda com os conhecimentos de que necessitamos. Quando algo gera um bom resultado, sabemos o que deu certo e podemos repeti-lo ou encontrar as respostas adaptativas às novas ações. E, da próxima vez, provavelmente faremos ainda melhor. 

Ademais, o fracasso não é um pré-requisito do sucesso. O pré-requisito do sucesso é o sucesso! Por sinal, os autores citam no livro uma pesquisa de Harvard que corrobora com essa premissa.

A experiência que realmente importa é a do sucesso. Isso não deveria nos surpreender, já que é exatamente assim que a natureza funciona. A evolução não se presta a examinar fracassos passados, mas a desenvolver aquilo que deu certo. 

Assim ocorreu a seleção das espécies, como nos lembra a Teoria da Evolução de Charles Darwin (1809-1882).A seleção natural nos mostra que as características vantajosas de uma espécie é determinante como características adaptativas ao meio ambiente e contribuem para a adaptação e sobrevivência das espécies.

Não banalize o uso da palavra urgente

A urgência é como a inflação que desvaloriza o valor da moeda com o tempo. Atue desvalorizando todo o pedido que não seja urgente. Quando você se der conta, a única forma de conseguir que uma tarefa seja feita será rotulando-a de urgente. A maioria das coisas não requer toda essa histeria.

“Não confunda entusiasmo com prioridade. Ter uma grande ideia é estimulante. Ficamos encantados imaginando as possibilidades e as vantagens. E, é claro, queremos tudo isso agora mesmo. Então deixamos de lado o que estamos fazendo e começamos a correr atrás da nossa última invenção brilhante. “Se quiser que algo seja feito depressa, peça à pessoa mais ocupada que você conhecer”, reforçam Jason Fried e David Heinemeier Hansson.Deve ser encarado como uma regra de ouro! 

Escolha o epicentro de sua gestão 

“Há aquilo que poderíamos fazer, aquilo que queremos fazer e aquilo que devemos fazer. Comece por aquilo que se deve fazer. Comece pelo epicentro”, destacam com ênfase os autores e empresários. 

Evite usar palavras tóxicas e venenosas

Tome cuidado também com os termos todos, ninguém, sempre e nunca. Uma vez pronunciados, eles dificultam a vida de quem busca uma solução. E, se quiser conhecer a receita para o fracasso, use-os em série: “É necessário acrescentar esse recurso já. Impossível lançar o produto sem ele. Todos estão pedindo. É apenas um detalhezinho fácil de implementar. Você deve dar um jeito de fazer isso rápido!

O perigoso uso do fácil 

Fácil é uma palavra usada em referência ao trabalho dos outros. “Isso é fácil para você, não é?” Mas repare que raramente alguém descreve o próprio trabalho como algo fácil.

Seja autêntico

Não tenha medo de ser você mesmo. Isso vale para a linguagem que você emprega em qualquer meio – e-mails, embalagens, entrevistas, comentários em blogs, apresentações, etc. Fale com seus clientes do jeito que você fala com seus amigos. Dê explicações como se estivesse sentado ao lado deles. E mais, a melhor imagem profissional não é a da perfeição, mas a da autenticidade, seja genuíno. 

As pessoas muitas vezes tecem opinião sobre o que desconhecem 

Às vezes é importante manter uma decisão na qual se acredita, ainda que de início ela seja impopular. Lembre-se de que as reações negativas quase sempre são mais ruidosas e acaloradas do que as positivas. Aliás, é bem provável que você só ouça as vozes negativas, mesmo quando a maioria dos clientes fica satisfeita com uma mudança. 

Cuidado para não reverter sem razão uma decisão controversa, porém necessária

Assim, quando houver reclamações, coloque-as num balde de gelo, por um instante.Como se diz ” fico rouco de ouvir “. Deixe claro que você está ouvindo. Mostre aos clientes o que está a par do que estão dizendo. Demonstra compreender o descontentamento deles. Porém explique que irá esperar um tempo para ver o que acontece. Muitas vezes as pessoas acabam se ajustando e algumas até venham a gostar mais do produto modificado do que do antigo…Respire.

Controle suas más notícias 

Não permita que as más notícias sejam dadas por terceiros. Mais cedo ou mais tarde, as más notícias acabam vazando. Por isso, é melhor que você as divulgue logo, evitando dar margem a rumores, boatos e informações falsas, fake news corporativas e a famosa “rádio corredor”. Se acontecer algo ruim, informe seus clientes, mesmo que eles ainda nem tenham percebido. Não pense que pode varrer os erros para debaixo do tapete. 

Não há como esconder. Se você não se mexer, alguém vai espalhar a má notícia por aí e a responsabilidade por isso será sua Espalhe a notícia pelos quatro cantos. Empregue todos os meios que você tiver à disposição.Jamais use a expressão “Sem comentários” como resposta. Isso é inadmissível. Peça desculpas como uma pessoa “normal” faria e explique, em detalhes, o que aconteceu.  

Tudo é marketing

Marketing não é um departamento. Você tem um departamento de marketing? Se não tiver, ótimo. Se tiver, não pense que as pessoas que trabalham lá são as únicas responsáveis pelo marketing da empresa. Contabilidade é um departamento. Marketing, não. Marketing é algo que todos os funcionários fazem 24 horas por dia, 365 dias por ano. Assim como é impossível deixar de se comunicar, não é possível deixar de fazer marketing.

Toda vez que você atende o telefone, está fazendo marketing. Toda vez que envia um e-mail, está fazendo marketing.  Toda vez que alguém usa seu produto, está fazendo marketing. Cada palavra escrita no seu site é marketing.  Se você desenvolve um software, cada mensagem de erro é marketing.   Se você está no ramo de restaurantes, o cafezinho é marketing.  Se você está no ramo do varejo, o caixa é marketing. Se você está no ramo de serviços, sua fatura é marketing. Perceba que todas essas coisinhas são mais importantes do que a escolha de um brinde que o cliente leva quando adquire seu produto. Marketing não tem a ver apenas com alguns eventos individuais.

Ensine mais que a concorrência

Ensine mais que a concorrência Você pode fazer propaganda, contratar representantes de vendas e patrocinar eventos. Mas seus concorrentes já estão fazendo esse tipo de coisa. Como se destacar, então? Em vez de tentar gastar mais, expor mais ou patrocinar mais que os concorrentes, procure ensinar mais do que eles. Provavelmente nem passa pela cabeça deles ensinar alguma coisa, já que a maioria das empresas se concentra apenas em vender ou prestar serviços.

Em vez disso, concentre-se na sua empresa. O que está acontecendo aqui é muito mais importante do que o que ocorre lá. Quando você fica se preocupando com os outros, desperdiça um tempo valioso durante o qual poderia estar se aprimorando. Se observar demais a concorrência, acabará prejudicando sua própria visão. Sua chance de criar algo novo diminui se o tempo todo você alimenta seu cérebro com as ideias de terceiros. Torna-se reacionário em vez de visionário. Acaba oferecendo os mesmos produtos que os concorrentes, mudando só a cor.

Não imite. Tenha talento e coragem de ser genuíno 

A imitação no campo dos negócios, porém, costuma ser mais prejudicial. Apesar de ser fácil e comum roubar palavras, imagens, etc. instantaneamente, essa é a receita para o fracasso. Quem imita não está compreendendo como aquilo foi feito – e é essa compreensão que nos permite crescer.

É preciso entender como algo funciona ou por que é do jeito que é. Quando somente se copia e cola, o aprendizado se perde. Apenas a última camada é replicada, em vez de se conhecer todos os níveis subjacentes. A cópia é apenas uma fachada. Não contém substância, entendimento nem nada sobre o que basear decisões futuras.

O tom quem dá é você

São seus dedos que dão o tom. Os gurus da guitarra dizem: “São seus dedos que dão o tom.” Você pode comprar uma guitarra, pedais de efeitos e amplificadores idênticos aos que Eddie Van Halen usa, lembram os autores. Porém, ao tocar o instrumento, o som ainda terá a sua cara.  Equipamentos sofisticados podem ajudar, mas no fundo é você que dá o tom. As pessoas se sentem tentadas a voltar toda a atenção às ferramentas em vez de se preocuparem com o que vão fazer com elas. Simples Assim. 

Confesso que esse livro tem sido para mim um livro referência desde 2015 e recentemente o revisitei como um guia nas minhas incursões como membro de Conselhos de Gestão que faço parte atualmente. Um verdadeiro script de insight.

Agora espero que você possa escrever novas partituras para gestão de seus negócios.

*Aloisio Sotero é professor e gestor em Precificação de Negócios. É vice-presidente da Faculdade Central do Recife e membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

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