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Projetos ousados e sustentáveis: conheça o Favela Solar

Iniciativa pode trazer benefícios para empresas e comunidades mais pobres.

Quando avalio uma empresa, sempre começo pela sua cultura organizacional. Quando vim escrever esta coluna, pensei muito sobre isso e na minha percepção. O InvestNews possui a cultura da ousadia e permite, portanto, que também sejamos ousados. 

Seguindo esse exemplo, comecei a desenhar projetos sustentáveis que realmente façam a diferença e não só o mais do mesmo, pensando somente em ajudar a resolver os problemas de nossa sociedade de forma criativa, com as tecnologias existentes e já experimentadas.

Para ajudar os empresários a pensarem onde investir, começo hoje, nesta coluna, uma série de artigos com ideias para projetos sustentáveis que podem resolver problemas sociais, ambientais e de governança no Brasil, além de serem capazes de gerar retorno do investimento para os investidores.

Energia solar em favela do Rio (Crédito: Revolusolar)

Espero que vocês leitores me enviem também suas ideias e projetos sustentáveis que tentarei, dentro de minhas possibilidades, incluir na lista para as próximas colunas.

Iniciarei com um projeto que venho desenvolvendo e que espero que seja abraçado por bancos e empresas, principalmente, dos setores elétricos e de varejo e que resolverá muitas questões sociais e ambientais. 

Favela Solar

Tive a ideia desse projeto quando estava conversando com investidores e descobri que muitos fundos de investimento vêm investindo em fazendas solares, principalmente, no interior do Brasil. Aplicação que dá bom retorno financeiro. 

Por que, então, não investir em algo similar, em fazendas solares nas favelas e comunidades mais vulneráveis? 

O projeto é ambicioso, porém muito desafiador, tem uma pegada forte ambiental e social, além de gerar renda, emprego e solucionar vários tipos de problemas crônicos de nossa sociedade.

Vamos falar primeiro das oportunidades para as distribuidoras de energia elétrica, um dos maiores problemas que elas enfrentam é o popularmente conhecido “gato”, ou furto de energia. Essas comunidades, devido à dificuldade de geração de renda e emprego, historicamente possuem um maior índice de roubo de energia e da falta de capacidade de pagamento da conta de luz, um problemão e grande prejuízo para essas organizações.

Com a Favela Solar resolveríamos o problema de ambas as partes, empresas e comunidades mais pobres, de uma forma simples. 

De um lado, temos as distribuidoras de energia elétrica que ano a ano se financiam através da emissão de títulos de renda fixa – por exemplo, uma debênture de infraestrutura, para a compra de equipamentos, tecnologia e outros insumos. Ela pode incluir nesse financiamento o projeto Favela Solar nas comunidades vulneráveis que atende.

Garanto que os investidores, principalmente, os estrangeiros, ávidos por esses títulos de dívida ESG (com pegada ambiental, social e de governança), adorariam alocar seu capital nesse tipo de investimento. 

Já falei nesta coluna sobre as novas regulações bancárias do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central. Quero dizer que os bancos também estão loucos em possuírem esses papéis em suas carteiras, reduzindo muito seus riscos sustentáveis e aumentando sua capacidade de geração de empréstimos.

Do outro lado, temos a população dessas comunidades carentes de recursos, que deverão ceder o seu espaço aéreo para inclusão de super postes com placas solares na extensão de toda a favela. Mas, claramente, isso tudo em troca de um pagamento mínimo de luz e uma renda extra a ser gerada, quando em conexão com a rede elétrica o excedente for vendido para fora da comunidade – como para redes de varejo, que também se beneficiariam com a redução de suas contas de luz através do uso de energia mais barata.

Quer mais? Em um futuro próximo, a renda extra poderia ser ainda maior para as distribuidoras de energia elétrica e a população dessas comunidades através da comercialização dos créditos de carbono gerados.

A Favela Solar possui diversos desafios para ser colocada em prática, mas com retorno de investimento bem calculado para comunidades carentes, empresas e uma dose de boa vontade dos governos, será possível solucionar muitos problemas reais de nossa sociedade, salvar o mundo e lucrar!

*Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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