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Economia verde pode ser a solução para a retomada da economia no Brasil

Colunista questiona os motivos de o Brasil não seguir as demais potencias mundiais e buscar a geração de receitas através da economia verde.

O novo arcabouço fiscal brasileiro foi o grande destaque no noticiário econômico nacional nas últimas semanas. O maior desafio para o governo não é só conseguir conter os gastos públicos, mas ter que gerar uma receita ou arrecadação governamental que faça com que o país saia de um déficit primário de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano para um superávit de 1% do PIB em 2026. 

Sabemos que do lado dos gastos a equação é mais difícil de fechar, estamos ainda vivendo um momento de retomada econômica pós pandemia e, como no resto do mundo, uma pressão inflacionária que faz com que a população, estados e municípios ainda tenham que pedir socorro e recorrer ao governo federal para fechar as contas. 

Diante desse problema, temos então que pensar do lado da geração de receitas do governo – o que foi justamente o que o pacote fiscal trouxe – a necessidade de aumento da arrecadação para chegar ao superávit em 3 anos. Logo, é preciso se ater em como fazer isso. Mas, por outro lado, qual motivo de não seguir as demais potencias mundiais e buscar a geração de receitas através da economia verde?

Essa é a estratégia que está sendo adotada de forma distinta em cada região, a exemplo dos últimos passos dados pelo governo norte americano. Primeiro, em 2021, foi aprovado o Plano Americano de Empregos, um pacote com investimento deUS$ 2,25 trilhões em infraestrutura com foco na construção de uma economia sustentável e ao mesmo tempo na tentativa de frear o avanço das mudanças climáticas nocivas ao planeta. Claro, se alavancando com esse enorme problema climático mundial.

Recentemente, a Volkswagen anunciou estar inclinada a levar sua fábrica de baterias elétricas para os Estados Unidos por conta desse subsídio do estado norte-americano, ou seja, o pacote de ajuda à indústria verde aprovado pela administração do presidente Joe Biden já renderá frutos de empregos verdes. 

Isso sem contar que mais de US$ 100 bilhões desse plano serão destinados ao fortalecimento da rede elétrica do país e na eliminação gradual dos combustíveis fósseis, com a extensão de 10 anos para créditos tributários para projetos de energia solar, eólica e outras fontes renováveis. Cerca de US$ 400 bilhões em créditos de energia limpa.

ESG

A estratégia americana de buscar ter uma economia mais verde para geração de receitas já está em curso e rendendo frutos. Já a China, anunciou no ano passado que adotará ações para reduzir o desperdício, promover energias renováveis, reformar sua rede elétrica para atingir um pico de emissões de carbono antes de 2030, nova meta climática do governo chinês.

Além disso, o governo chinês está empenhado em fazer com que setores industriais muito dependentes de energia como o aço, metais não ferrosos e materiais de construção melhorem sua eficiência energética, aumentem seus índices de reciclagem e usem novas tecnologias verdes.

Na Europa, o caminho estratégico econômico já está em curso há muitos anos, mas agora estão empenhados em tentar estabilizar as contas públicas no curto prazo através da economia verde. Estão nesse momento encorajando os países da comunidade europeia para aumentar os subsídios às empresas verdes ou que empreguem tais tipos de tecnologia. 

A estratégia principal na Europa é utilizar a necessidade de redução das emissões de gases poluentes de efeito estufa para buscar uma transformação rápida e ousada na economia criando uma abordagem de mercado baseada na mudança climática. Ou seja, o aumento dos investimentos seguirá a mesma estratégia da China e dos Estados Unidos: alavancar a geração de receita através do impulsionamento da economia verde.

Olhando para essa estratégia, podemos seguir caminhos similares, e conseguir gerar receitas nos próximos anos impulsionando a economia verde para atingir as metas fiscais colocadas no novo plano apresentado pelo governo. Temos que ser criativos e conseguir ser um dos destinatários principais dos recursos financeiros mundiais para combate às mudanças climáticas, mas temos que correr porque os demais países estão com essa estratégia em curso e precisando muito retomar suas economias como o Brasil.

Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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