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Equação do financiamento ESG: delta é o ‘X’ da questão

Dentro da metodologia utilizada para projetos por bancos, a empresa deve apresentar um plano que demonstre claramente os benefícios de sua forma de produção sustentável.

Calculadora e caneta sobre papeis com gráficos utilizados para uma estratégia hedge. (Foto: Adobe Stock / Lovelyday12)

Se você é o diretor financeiro de uma empresa que pretende financiar seu projeto de energia renovável ou outro que tenha como objetivo a sustentabilidade social ou ambiental da sua organização deve se atentar que o mais importante para conseguir o investimento necessário é compreender que o delta é o grande X da equação.

Digamos que você esteja de olho em um financiamento advindo de um banco multilateral ou de desenvolvimento, como o Banco Mundial, que hoje está muito interessado nesse tipo de investimento e possui um volume gigantesco de recursos para financiar projetos de transição energética que atendam os anseios de salvação do mundo com a redução de gases de efeito estufa para atingir a meta Net zero até 2050, compromissada entre os países signatários do Acordo de Paris.

Ou mesmo, projetos de economia circular, de diversidade de gênero, eficiência energética ou de gestão sustentável de água e tratamento de águas residuais. Existe uma lista com 10 projetos elegíveis de acordo com a estrutura utilizada pelos bancos para a escolha dos investimentos nesses projetos.

Primeiro, temos que explicar que o delta representa na matemática a diferença entre duas variáveis, em um exemplo, uma indústria automotiva deseja financiar a adaptação de sua planta industrial e deseja fazer isso através de recursos financeiros sustentáveis.

Em duas partes do projeto os recursos serão destinados para o aumento da eficiência energética ou geração de energia renovável com o uso de matriz solar e, em outro, a utilização de mão de obra feminina na fábrica, além do aumento do número de gestores desse gênero nas posições de comando.

Dentro da metodologia de financiamento utilizada para esse tipo de projeto pelos bancos, a empresa deve apresentar um plano que demonstre claramente os benefícios de sua forma de produção sustentável. O item principal desse plano deve conter a indicação das metas ou deltas que se pretende atingir.

No caso da eficiência energética ou utilização de energia renovável, o delta será a diferença gerada pela economicidade da matriz solar vis a vis matriz termoelétrica à diesel. Nesse caso, a empresa indicará, por exemplo, uma meta de redução de 25% do consumo de energia termoelétrica a diesel dada a nova matriz solar a ser utilizada. Ou quanto que se evitará de emissão de carbono com essa nova forma de geração de energia para a fábrica.

Já no caso do aumento da diversidade feminina, o delta será demonstrado da seguinte forma: antes a fábrica possuía 100% de colaboradores homens e, a partir de 2023, a fábrica utilizará 50% de mão de obra feminina em suas plantas, sendo 30% em cargos de chefia.

O que os bancos enfatizam é que o delta tem que ser algo tangível e possível de ser atingido demonstrando muito claramente os benefícios ambientais e sociais. Agora, em caso do financiamento ser aprovado, se o delta não for atingido pode haver punições, como por exemplo, o aumento da taxa de juros do empréstimo realizado.

Ou seja, se você é um diretor financeiro, e deseja aproveitar a enxurrada de recursos em investimentos sustentáveis que estão dando sopa no mundo, monte uma equação que demonstre claramente que o delta pode ser avaliado, é realmente viável de ser atingido, quantificável e passível de ser medido, ou seja, para conseguir esse financiamento o delta é o grande X da equação.

*Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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