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O crédito de carbono é nosso: chegou a hora de investir em ESG

Brasil sai na dianteira com decreto publicado sobre regulação do mercado de crédito de carbono.

Crédito de carbono

Estou dormindo mal, porém feliz, e esta minha falta de sono reflete um momento único que vivemos no Brasil: saímos na dianteira do mundo fazendo o verdadeiro papel de protagonistas da nova era de salvar o mundo e lucrar. 

Escrevi esta coluna um dia depois da publicação no Diário Oficial da União do Decreto que regulamenta o mercado de crédito de carbono e metano no país. Na semana anterior, o governo federal já havia regulamentado o mercado de crédito de resíduos. Isso mesmo, em duas semanas tomamos a dianteira no mundo de geração de créditos ambientais e isso é um compromisso que tem que prevalecer independente do novo governante a ser eleito. 

Nessa via, o país pode adotar nos próximos anos um lema similar ao divulgado no passado. “O Petróleo é Nosso” passa a ser “O Crédito de Carbono é Nosso”.

O efeito positivo dessas regulamentações é gigantesco, facilitará muito o financiamento de projetos ambientais das empresas o que deve se estender aos sociais. Some isso ao estímulo trazido pelas novas políticas de sustentabilidade para os bancos emitidas pelo Conselho Monetário Nacional e o Banco Central, motivo de minha última Coluna. Imagina o volume de recursos a serem gerados para as organizações mudarem suas matrizes energéticas ou mesmo para reciclarem todos os seus resíduos de produção.

Só para se ter uma ideia, de acordo com o Relatório publicado recentemente pela ESMA, autoridade europeia de Comissões de Valores Mobiliários, foram transacionados por mês na Europa 57 bilhões de euros no mercado secundário de créditos de carbono, entre junho e dezembro de 2021. Imagina como será o volume do mercado brasileiro, país que será um dos protagonistas na venda desse tipo de crédito.

Se lembra quando nós economistas falávamos que o Brasil era o país do futuro? Então, isso era muito baseado nas nossas reservas naturais, somos o pulmão do mundo, porém a monetização dessa imensidão de matas e oceanos era baixa diante do que veremos a partir de agora. Isso porque tudo muda com essas regulamentações, o Brasil se tornará um dos maiores mercados de crédito de carbono, metano e resíduos e trilhões de dólares entrarão de recursos para projetos ESG motivados por elas. 

Imagina uma empresa que está querendo há anos realizar um projeto de reciclagem dos seus resíduos de produção para evitar danos ambientais. Ela pode ter sido impedida de realizá-lo por conta de ter que arcar com todo o seu custo de implementação, sem retorno algum além do bem à sociedade. Agora, ela não só vai conseguir o recurso mais barato de um banco como seu custo de financiamento se diluirá ao longo do tempo com as receitas de venda dos créditos de resíduo e de metano gerados.

Quando o custo de um projeto como esse passa a retornar em receita para a empresa ao longo do tempo, cria-se uma percepção positiva no mercado de que vale a pena investir em projetos ESG com ROI – Retorno do Investimento – seguro e garantido. Uma maravilha de engenharia de produção e financeira que salvará o nosso planeta.

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