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Toda panela ESG tem sua tampa

Oferta de recursos para financiar bons projetos ESG começa a se apresentar para o mercado, mas empresas precisam se empenhar para atingir todo tipo de apetite dos investidores.

sustentabilidade

O dinheiro para financiar projetos ESG está começando a pipocar por tudo quanto é lado, de bancos multilaterais como o Banco Mundial, de fomento como o BNDES, de fundos nacionais e internacionais, cada qual com seu perfil de investimento. 

A oferta de recursos para financiar bons projetos ESG começa a se apresentar para o mercado, no entanto, não basta que as empresas se empenhem em elaborá-los, elas devem fazê-los respeitando também o tipo de apetite dos investidores.

O mercado financeiro para se manter eficiente precisa que tanto oferta quanto demanda caminhem juntas. Mas em um mundo onde tudo é muito novo, com tecnologias complexas e ainda em desenvolvimento, é necessário que o empresário consiga além de tudo conciliar interesses distintos do mercado.

Recentemente, encontrei com dois amigos presidentes de grandes fundos internacionais. São mais de 15 bilhões de dólares sob gestão só para investimentos sustentáveis. Ambos reconhecem que suas estratégias passam no curto prazo pelo Brasil e que precisam de bons projetos para encarteirar, estão à procura, mas estão com bastante calma para escolher o mais adequado aos seus perfis de investimento.

Ademais, a oferta mundial de recursos financeiros continua crescendo, vem aí a COP27 em novembro, Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, onde os países signatários do acordo de Paris já anunciaram que pretendem destravar mais de 100 bilhões de dólares para investimentos em projetos que permita que o mundo chegue ao NET zero, compromisso de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa na atmosfera. 

Diante disso tudo, se você é um empresário que precisa de recurso nesse momento não tenha medo, comece a desenvolver um projeto ESG. Mas, muitos me perguntam: como eu faço para desenvolvê-lo em minha empresa?

Comece de uma forma fácil e simples, pegue as 3 letras do acrônimo em inglês ESG (ambiental, social e governança) e reflita quais são os itens mais materiais que sua organização possui para cada uma delas.

Em seguida, desenvolva mais esse raciocínio com outros stakeholders, sejam os colaboradores da sua empresa ou os fornecedores, se quiser inclua os clientes, apesar de mais trabalhoso, pergunte para eles quais os itens mais materiais de sustentabilidade que eles enxergam na sua empresa. 

A partir da noção do que é mais material em termos de sustentabilidade é que se define quais os projetos a serem desenvolvidos no curto, médio e longo prazo e o tamanho do investimento, enfim, o financiamento necessário. 

O resultado desse trabalho é a construção da matriz de materialidade ESG, base para todo bom projeto sustentável que uma empresa desenvolve, essência para que os investidores consigam compreender se ele está adequado ao perfil que eles desejam diante de suas estratégias de investimento, vale a dica: toda panela tem sua tampa, você encontrará um investidor se possuir um projeto consistente e material.

*Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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