*ARTIGO
A FTX colapsou em novembro do ano passado. Mesmo após tantos meses, a polêmica em torno da exchange ganhou novos holofotes com a revelação feita pelo “The Wall Street” Journal (WSJ). Segundo o jornal, a FTX que ela tinha “backdoor”, uma “porta secreta” em seu sistema que desviava fundos dos clientes por parte da Alameda Research, sua empresa-irmã.
A descoberta deste “backdoor” aconteceu enquanto funcionários da FTX, anteriormente parte da equipe LedgerX, estavam examinando a possibilidade de replicar o código usado pela FTX International para a FTX.US, a unidade da exchange nos EUA.
A LedgerX é uma plataforma renomada de negociação de derivativos. Em agosto de 2021, ela foi adquirida pela FTX.US para ampliar e fortalecer sua posição no mercado. Posteriormente, em maio de 2023, a divisão americana da exchange recebeu aprovação judicial para realizar a venda da LedgerX, amargando um prejuízo de 83% em relação ao valor da compra.
Por outro lado, a Miami International Holdings, nova proprietária da plataforma de derivativos, negou qualquer conhecimento por parte de seus funcionários sobre o desvio de fundos.
“Após uma investigação interna completa, a LedgerX não encontrou nenhuma evidência de que algum de seus funcionários estivesse ciente de qualquer código relatado que permitisse à Alameda tomar ativos de clientes da FTX e nega firmemente qualquer alegação em contrário”, afirmou a empresa.
A situação se tornou ainda mais complicada durante o segundo dia de julgamento de Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, que contou com um júri para analisar as alegações relacionadas ao colapso da corretora.
Desde então, Bankman-Fried tem recebido depoimentos que alegam que executivos da FTX, incluindo o CEO Zach Dexter, já estavam cientes do uso dos fundos dos clientes para beneficiar a Alameda Research.
Caso todas as acusações resultem em condenação, é provável que Sam Bankman-Fried seja sentenciado a passar o restante de seus dias atrás das grades.
Detalhes dos depoimentos
Gary Wang, ex-diretor de tecnologia da FTX, admitiu sob juramento que foi orientado por Bankman-Fried a alterar o código da exchange para permitir que a Alameda Research obtivesse uma linha de crédito de US$ 65 bilhões. Wang já havia se declarado culpado de fraude em dezembro passado e concordou em cooperar com as investigações contra Bankman-Fried.
Adam Yedidia, colega de quarto de Bankman-Fried na faculdade e desenvolvedor de software entre 2021 a novembro de 2022 da FTX antes de se demitir, também fez acusações sobre o ex-amigo.
Yedidia alega que, quando a Alameda Research negociava na FTX, os beneficiários finais dos lucros obtidos eram Bankman-Fried e Wang.
“No final de 2021 a FTX conseguiu abrir uma conta bancária e os clientes da exchange passaram a ter a opção de enviar fundos para a FTX Digital Markets”
Adam Yedidia, colega de Bankman-Fried
O julgamento começou no na última terça-feira (3) e deve durar pelo menos um mês e meio. No entanto, essas acusações evidenciam uma coisa: havia colaboração interna sobre o desvio e uso de fundos dos clientes por parte da FTX e da Alameda.
Este episódio serve como um alerta claro para a necessidade de due diligence por parte dos investidores. O mercado de cripto, apesar de suas promessas e potenciais, está longe de ser imune a irregularidades.
Compreender as nuances, sempre desconfiar de tudo e não colocar todos os ovos na mesma cesta são atitudes indispensáveis para aproveitar as oportunidades da tecnologia mitigando riscos.
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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