Lula participa de reunião com empresários em Nova York antes da abertura da assembleia da ONU
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na noite deste domingo (17), em Nova York, de uma reunião com empresários e de um jantar oferecido pelo presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes.
Lula chegou aos Estados Unidos nesse sábado (16) após assinar diversos acordos de cooperação com o governo de Cuba, em Havana.
Na terça-feira (19), o presidente participará da abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A agenda de Lula também terá reuniões com líderes de entidades internacionais e encontros bilaterais com chefes de Estado.
Na quarta-feira (20), Lula será recebido pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Os mandatários vão lançar uma iniciativa global para promoção do trabalho decente.
É a oitava vez que o presidente brasileiro abrirá a assembleia da ONU. A comitiva do Brasil é formada por 12 ministros. Sete ministros participarão de eventos ligados diretamente à assembleia. Os demais não fazem parte da delegação, mas estão na cidade cumprindo agendas oficiais.
Haddad afirma que governo dificilmente poderá não explorar a Margem Equatorial
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que dificilmente o Brasil poderá prescindir de explorar petróleo na chamada Margem Equatorial, região marítima próxima à foz do rio Amazonas, mas deve prevalecer uma “posição cautelosa” no governo, com os cuidados exigidos pela área ambiental.
“Na minha opinião, nós temos que parar de consumir petróleo não por falta de petróleo, esse é o ponto. Nós temos que ter petróleo até o momento que não precise mais dele. Então temos que correr com a outra agenda, mas sem perder de vista que podemos precisar do petróleo da Margem Equatorial, com as cautelas que o meio ambiente deve impor à Petrobras, e a Petrobras está ultra disposta a considerar”, disse o ministro em entrevista ao programa Canal Livre, da rede Bandeirantes.
O Ibama negou licença à Petrobras para fazer estudos exploratórios para verificar a existência de petróleo na região. De acordo com o órgão, o estudo apresentado pela estatal — preparado ainda durante o governo anterior — era incompleto e não lidava com várias questões de proteção da região que o Ibama considera imprescindíveis.
A Petrobras recorreu, mas ainda não houve uma resposta do Ibama.
A decisão criou uma cisão no governo entre a área ambiental e a área de energia, com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendendo que a exploração da área é imprescindível para o futuro energético do país. Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirma que a decisão do Ibama foi técnica.
Recentemente, em entrevista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Margem Equatorial poderá sim vir a ser explorada.
“O Brasil não vai deixar de pesquisar a Margem Equatorial. Se encontrar a riqueza que pressupõe que exista lá, é decisão de Estado se vai explorar ou não”, disse Lula, durante viagem à Índia.
Haddad defendeu o presidente da Petrobras e a empresa, lembrando que a estatal anunciou recentemente investimentos de 100 bilhões de reais em energia eólica. Disse ainda que o Meio Ambiente tem o direito e o dever de impor à Petrobras cuidados na exploração, mas que a empresa tem condições e está disposta a cumprir.
“Eu acredito, por tudo que tenho ouvido dentro do governo, que vai preponderar uma visão cautelosa. É um santuário de biodiversidade ali, tem que cuidar, é de uma riqueza espetacular. Mas quilômetros ali do lado a Guiana está explorando uma plataforma”, disse Haddad na entrevista que, gravada na quinta-feira, foi ao ar na noite deste domingo.
“Então vamos tomar cuidado, vamos com toda cautela. Mas vamos deixar o petróleo de lado porque a gente já fez a outra parte, que é acelerar a produção de energia limpa.”
Fazenda conclui roadshow com investidor e já tem bancos contratados para emissão de green bonds
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo brasileiro concluiu a primeira apresentação a investidores, roadshow no jargão de mercado, da emissão de títulos de dívida de sustentáveis, os chamados green bonds, do Brasil, que vai estrear neste tipo de captação. Foram realizadas 36 reuniões e que contaram com a participação de cerca de 60 investidores internacionais, incluindo nomes dos Estados Unidos e da Europa.
Haddad demonstrou otimismo com o apetite dos investidores internacionais em entrevista a jornalistas, em Nova York. Segundo ele, agora, o ministério entra em “período de silêncio” e não pode mais comentar sobre os detalhes da emissão. Ele não quis precisar uma data nem um montante.
Conforme o ministro essas são decisões que cabem ao Tesouro Nacional, sinalizando que a operação depende das condições de mercado para ser realizada. Nos bastidores, a expectativa é de que a emissão do governo brasileiro seja da ordem de US$ 2 bilhões e ocorra até meados de novembro deste ano.
Os encontros com investidores foram realizados pelo futuro secretário adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux. “Tivemos uma sinalização muito positiva. Fizemos o chamado Non-Deal Roadshow, então não tinha um acordo fechado nas conversas, não houve uma definição sobre valores específicos, mas a gente pode dizer que houve um interesse muito grande dos investidores”, disse ele, ao lado de Haddad, em Nova York.
De acordo com Dubeux, os investidores demonstraram interesse não só no plano de transformação ecológica que o Brasil está implementando, mas também no arcabouço dos títulos sustentáveis que o Brasil desenhou.
Os bancos que vão assessorar o governo brasileiro também já foram contratados. Segundo a Fazenda confirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), são o norte-americano JPMorgan, o Santander e o Itaú Unibanco.
Como mostrou o Broadcast na última sexta-feira, porém, bancos de investimento se movimentam para tentar entrar na emissão do governo brasileiro e que marcará a estreia no mercado de green bonds.
Pesa, sobretudo, o critério utilizado para a escolha dos assessores financeiros: os bancos mais bem posicionados nos rankings de mercado de capitais. Agora, quem ficou de fora está tentando entrar no sindicato de bancos.
*Com Reuters, Estadão Conteúdo e Agência Brasil.
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