1 – Petrobras indica que preço do diesel continuará a subir, dois dias após pacote do governo
Pressionada pelo governo para mudar a sua política de preços, a Petrobras (PETR3; PETR4) sinalizou nesta quarta-feira (8) que o custo dos combustíveis – principalmente o do diesel – segue uma tendência de alta e assim continuará. Isso indica que as medidas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira para conter o preço dos combustíveis, como a isenção de impostos federais e o pagamento de ICMS zerado pelos Estados, não deverão ter o efeito esperado.
Em uma nota enviada à imprensa com “esclarecimento da Petrobras sobre a prática de preços de mercado”, a petroleira afirma que “não há fundamentos que indiquem a melhora do balanço global e o recuo estrutural das cotações internacionais de referência para o óleo diesel”.
Na avaliação da Petrobras, o atual cenário mundial é de escassez e, como o Brasil é deficitário em produção de óleo diesel, tendo importado quase 30% da demanda total em 2021, o resultado é este: “poderá haver maior impacto nos preços e no suprimento”.
A estatal afirma ainda que esse cenário se tornou ainda mais provável porque o consumo nacional de diesel é historicamente mais alto no segundo semestre, devido ao aumento das atividades agrícola e industrial. “Ressalta-se, também, que o mercado interno registrou recorde de consumo de óleo diesel no ano passado e essa marca deverá ser superada em 2022”, declarou a empresa.
O comunicado da Petrobras é divulgado no momento em que o governo busca substituir o atual presidente José Mauro Coelho, que assumiu o comando da estatal em abril, por Caio Paes de Andrade, atual secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia. A indicação precisa passar por uma assembleia-geral extraordinária de acionistas, que ainda não foi agendada. Desde o início do governo, Bolsonaro já demitiu três presidentes da Petrobras.
Segundo a Petrobra, fora do Brasil, há ainda um conjunto de fatores que deve puxar o preço dos combustíveis: o aumento sazonal da demanda mundial no segundo semestre; a menor disponibilidade de exportações russas decido às sanções econômicas ao país; e eventuais indisponibilidades de refinarias nos Estados Unidos e no Caribe, com a temporada de furacões que acontecem de junho a novembro.
“Diante desse quadro, é fundamental que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global seja referência para o mercado brasileiro de combustíveis, visando à segurança energética nacional”, afirma a companhia.
O cenário detalhado pela empresa indica que a Petrobras não está disposta a mudar sua política de preços atrelada ao mercado nacional, com valores alinhados aos praticados em todo o mundo.
“Assim como qualquer outra commodity comercializada em economia aberta, a precificação de combustíveis no Brasil é determinada pelo balanço de oferta e demanda global, uma vez que produtos desta natureza possuem características físicas homogêneas e são produzidos, transportados e comercializados em larga escala por todo o mundo, tendo múltiplos ofertantes e demandantes”, declarou a empresa.
Para mexer nestas regras, o governo teria não só de contar com o aval da diretoria da empresa, mudar o estatal da estatal e mexer na própria legislação. Desde janeiro de 2002, vigora no Brasil, por meio de lei, o regime de liberdade de preços em todos os segmentos do mercado de combustíveis e derivados de petróleo: produção, distribuição e revenda.
“Cabe a cada agente econômico estabelecer suas margens de comercialização e seus preços de venda, em um cenário de livre concorrência. A Petrobras não atua no segmento de distribuição e revenda, sendo responsável apenas pela produção de combustíveis”, afirmou a companhia.
Ao defender o modelo, o qual tem sido frequentemente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos caminhoneiros, que cobram mudança no regime,icms os “preços alinhados ao valor de mercado estimulam a produção e a concorrência no presente, assim como fomentam os investimentos que contribuirão para a expansão do volume produzido, para o alcance da qualidade exigida para os produtos, e para incremento da capacidade logística, com benefícios diretos ao consumidor”.
Segundo a empresa, “preços abaixo do mercado inviabilizam economicamente as importações necessárias para complemento da oferta nacional. Exemplos recentes de desalinhamento aos preços de mercado já se traduzem em problemas de abastecimento em países vizinhos ao Brasil.”
A Petrobras nega que tenha o monopólio do setor e diz que, “sem a prática de preços de mercado, não há estímulo para o atendimento ao mercado brasileiro pelos diversos agentes do setor”. Segundo a empresa, se o mercado nacional deixar de acompanhar os preços internacionais, haveria risco de desabastecimento, porque isso afetaria os negócios feitos pelas demais empresas do setor.
2 – PagSeguro tem lucro 29% maior no 1º tri, beneficiada por flexibilização da pandemia
A PagSeguro (PAGS34) teve avanço do lucro no primeiro trimestre, uma vez que a gradual flexibilização das medidas de isolamento social permitiram uma retomada do consumo para níveis similares aos de antes da pandemia de Covid-19.
A empresa de pagamentos e banco digital anunciou nesta quarta-feira que teve lucro líquido de 350 milhões de reais no período, alta de 29% ante um ano antes, apoiada também no reforço da base de clientes e na expansão das receitas devido a maiores vendas de produtos financeiros. Em termos ajustados, o lucro de R$ 371 milhões foi 14% maior.
A companhia listada em Nova York teve de janeiro a março receita total de R$ 3,42 bilhões, aumento de 66% ano a ano, recorde, refletindo um aumento de 60% no volume de pagamentos processados (TPV), de R$ 80,1 bilhões.
“O Brasil observou queda no número de pessoas infectadas e de óbitos por Covid-19 e os eventos sociais e atividades comerciais voltaram a um patamar similar ao de antes da pandemia. Esse cenário resultou em maior volume de pagamentos de transações e, consequentemente, maiores receitas”, afirmou a companhia no relatório de resultados.
Os números reforçam a tendência mostrada por rivais que já divulgaram seus resultados do período, como StoneCo e Cielo, com aceleração dos volumes de pagamentos, o que permitiu melhora das margens operacionais.
O resultado operacional da PagSeguro medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no período somou R$ 769 milhões, avanço de 12% ano a ano.
Além disso, a empresa manteve seus custos e despesas em ritmo inferior ao das receitas. As despesas com transações, por exemplo, avançaram 54%, enquanto as com marketing caíram 9% ano a ano e as com pessoal cresceram apenas 10,3%.
“Fomos mais racionais com algumas despesas”, disse o co-presidente-executivo da PagSeguro Alexandre Magnani, falando a jornalistas.
Isso compensou em parte os efeitos das despesas financeiras, que deram um salto de 1.300%, a R$ 620,6 milhões, refletindo entre outros fatores o aumento das taxas de juros sobre a dívida da companhia.
3 – IPC-Fipe sobe 0,19% na 1ª quadrissemana/junho, após +0,42% no fechamento de maio
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,19% na primeira quadrissemana de junho, desacelerando em relação ao ganho de 0,42% observado em todo o mês de maio, segundo dados publicados nesta quinta-feira (9) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Na primeira quadrissemana de junho, quatro dos sete componentes do IPC-Fipe perderam força ou aprofundaram recuo: Habitação (de -1,18% em maio para -1,41% na primeira quadrissemana do mês atual), Alimentação (de 1,15% em maio a 0,84%), Transportes (de 0,87% para 0,49%) e Despesas Pessoais (de 2,18% a 1,91%).
Por outro lado, houve aceleração das categorias Vestuário (de 1,29% para 1,33%) e Educação (de 0,09% a 0,13%), enquanto a de Saúde passou de recuo de 0,01% em todo o mês de maio a uma alta de 0,08% na primeira quadrissemana de junho.
Veja abaixo como ficaram os componentes do IPC-Fipe na primeira quadrissemana de junho:
– Habitação: -1,41%
– Alimentação: 0,84%
– Transportes: 0,49%
– Despesas Pessoais: 1,91%
– Saúde: 0,08%
– Vestuário: 1,33%
– Educação: 0,13%
– Índice Geral: 0,42%
4 – Bolsonaro diz que vai falar com Biden sobre papel do Brasil para segurança alimentar e meio ambiente
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (8) que pretende mostrar ao presidente Joe Biden a importância do Brasil para a segurança alimentar do planeta e defenderá o que vem sendo feito pelo país na questão ambiental, em reunião bilateral entre os dois líderes durante a Cúpula das Américas, em Los Angeles, na quinta-feira.
Bolsonaro reiterou que não pretendia ir ao evento “apenas para tirar fotos” com demais chefes de Estado, mas disse que foi convencido a participar após receber convite de um emissário de Biden enviado ao Palácio do Planalto.
“Foi feito um diálogo com o assessor do Joe Biden e foi acertada uma bilateral pelo tempo que se fizer necessário, e vamos mostrar o que é o Brasil“, afirmou Bolsonaro em evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
“Vamos falar sobre segurança alimentar. O mundo não vive mais sem o Brasil, a não ser passando fome“, adicionou.
Bolsonaro, que embarca ainda nesta quarta-feira para a Cúpula das Américas, revelou também que está disposto a conversar com Biden sobre a visita que fez no começo do ano à Rússia, pouco antes de o presidente russo, Vladimir Putin, invadir a Ucrânia.
“Se ele tiver alguma pergunta sobre a minha ida à Rússia, lógico, o que eu puder falar eu vou falar, o que não puder falar não vou falar. Assim como não tenho ´off´ com a imprensa não tenho ´off´ com chefe de Estado nenhum fora do Brasil”.
Bolsonaro lembrou que, após a visita à Rússia, 26 navios com fertilizantes aportaram no Brasil, garantindo o plantio da safra no “mínimo até o primeiro trimestre do ano que vem“.
O presidente reiterou que não quer a guerra, mas optou por uma posição de equilíbrio no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Na reunião com Biden, Bolsonaro disse que também vai defender o esforço do país para a preservação do meio ambiente. Biden já fez críticas públicas à política ambiental brasileira, mediante o aumento do desmatamento da Amazônia durante o governo Bolsonaro.
“Por que os ataques? O que querem com isso? Desgastar o governo ou melhorar a questão concorrencial do que vem do agronegócio?”, afirmou. “Temos orgulho de nosso país e talvez seja o único país do mundo que preserva dois terços de sua área”.
Bolsonaro também disse que espera incluir na pauta do encontro a questão da transição energética, e destacou que o Brasil pode ser no futuro uma “Opep da energia” graças ao potencial do hidrogênio verde.
5 – Câmara conclui votação do PL que exclui cobrança de ICMS sobre bandeiras tarifárias
A Câmara dos Deputados concluiu nesta quarta-feira (8) a votação do projeto de lei que impede a incidência do ICMS, imposto estadual, sobre as bandeiras tarifárias de energia. A taxa adicional é paga pelos consumidores, por meio da conta de luz, quando há condições menos favoráveis de geração de energia no País. Mais cedo, os parlamentares haviam aprovado o texto-base da proposta, que agora segue para apreciação do Senado Federal.
Na prática, os Estados não poderão cobrar o imposto sobre a taxa adicional quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionar as bandeiras amarela, vermelha patamar 1 e vermelha patamar 2. O acionamento desses patamares é feito quando há um aumento no custo da geração e a necessidade de acionamento de térmicas, o que está ligado principalmente ao volume dos reservatórios e das chuvas.
Após aprovação do texto-base, deputados analisaram sugestão de emenda apresentada pelo deputado Mauro Benevides (PDT-CE), que sugeria a redução das alíquotas de PIS/Cofins apurados pelos agentes de distribuição nas vendas e no mercado interno, de energia elétrica para consumidor. A proposta, no entanto, não teve apoio do plenário e foi recusada.
Segundo estimativas obtidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a medida pode resultar em uma economia anual de R$ 2,88 bilhões, caso as condições de geração nos próximos anos sejam similares à que se observou desde 2015, quando foi implementado o sistema de bandeiras tarifárias no País. Em termos porcentuais, mantidas essas premissas, a redução média nas tarifas seria da ordem de 0,7%.
O relator, deputado Rodrigo de Castro (União-MG), fez apenas um ajuste de redação no texto original, para garantir que a isenção da cobrança do imposto estadual valha para todos os patamares de bandeiras, incluindo as que eventualmente sejam criadas em situações excepcionais, como aconteceu em 2021. No ano passado, o governo criou a “bandeira escassez hídrica”, devido à grave crise hídrica que o País enfrentava.
A proposta faz parte do “pacote” defendido pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que lidera uma ofensiva do Congresso contra os aumentos das tarifas em 2022. Contudo, o projeto de lei pode não ter eficácia neste ano. Devido às boas condições dos reservatórios, especialistas em setor elétrico estimam que a Aneel deve manter bandeira verde, sem cobrança adicional, até o fim do ano.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado para indicar os custos da geração de energia aos consumidores e atenuar os reajustes das tarifas e o impacto nos orçamentos das distribuidoras de energia. Antes, o custo da energia em momentos de mais dificuldade para geração era repassado às tarifas apenas uma vez por ano, no reajuste anual de cada empresa, com incidência de juros. Agora, os recursos são cobrados e repassados às distribuidoras mensalmente por meio da “Conta Bandeiras”.
* Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo.
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