O fornecimento de energia elétrica no Brasil foi totalmente restabelecido na tarde desta terça-feira (15), após uma interrupção de grande magnitude registrada pela manhã que retirou cerca de 25% da carga total do sistema elétrico nacional, afetando todos os Estados do país com exceção de Roraima.
Um desequilíbrio na rede elétrica, cujas causas ainda estão sendo investigadas, prejudicou o suprimento de energia em quase todo o país, com cerca de 19 mil MW interrompidos — equivalente a um quarto dos 73 mil MW de carga registrada no momento da ocorrência.
O único Estado que não foi afetado pelo evento foi Roraima, que não recebe energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), que conecta todo o resto do país, e acaba dependendo de geração de energia local a partir de usinas termelétricas.
Os trabalhos para recompor as cargas começaram ainda de manhã, com normalização da situação nas regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste antes das 10h. Já nas regiões Norte e Nordeste, as ações foram concluídas à tarde, com as cargas 100% recompostas no SIN às 14h49.
O apagão afetou o serviço de distribuidoras de energia de todo o país, operadas por grandes grupos do setor elétrico, como Equatorial, Enel, Neoenergia, CPFL e Energisa.
A equipe do Ministério de Energia e Energia está trabalhando para que a carga seja plenamente restaurada o mais breve possível, disse a pasta em nota divulgada mais cedo.
O ministro Alexandre Silveira determinou a criação de uma sala de situação e acompanha o processo de retomada, bem como determinou a apuração das causas do incidente.
Impacto no mercado
Nesta terça, as ações de várias empresas de energia operaram em queda, acompanhando a tendência negativa do Ibovespa, principal indicador da bolsa.
Mas Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, “se houver um apagão elétrico, igual ao que já ocorreu no passado, diversas empresas listadas em bolsa podem ser impactadas” – e não somente as do setor de energia. Ele cita:
- Indústrias que deixariam de produzir seus produtos temporariamente (Tupy, WEG, Ferbasa, Cosan, São Martinho)
- Empresas do setor de varejo, especialmente aquelas com maior presença em lojas físicas (C&A, Guararapes, Lojas Renner)
- Empresas do setor elétrico, especialmente que distribuidoras de energia (Equatorial, Light)
“Cabe ressaltar que muitas empresas têm planos de contingência, como geradores. Mas em caso de um apagão mais prolongado, seria difícil a manutenção do nível de atividade”, diz Petrokas.
Causas do apagão: o que se sabe até agora
Com o incidente, foram 16 mil megawatts (MW) de carga interrompida, informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Segundo o órgão, a interrupção ocorreu devido à abertura da interligação Norte/Sudeste do Sistema Interligado Nacional (SIN), e as causas ainda estavam sendo apuradas.
O que dizem as empresas
Distribuidoras de energia comentaram que registraram a ocorrência. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) disse em nota que “as distribuidoras impactadas em suas respectivas áreas de concessão seguem atuando em regime de contingência, e o fornecimento já foi normalizado na maior parte das localidades afetadas”.
As reconstituições do sistema têm sido aplicadas de forma segura pelas empresas, sob orientações do ONS”, disse ainda a associação.
A Equatorial Energia (EQTL3) afirmou que, segundo informações preliminares, houve atuação do “Esquema Regional de Alívio de Carga”, um mecanismo de proteção da rede para tentar restringir a perda de carga no sistema.
“Em todos os estados em que há concessão do Grupo (Alagoas, Amapá, Maranhão, Goiás, Pará, Piauí e Rio Grande do Sul), a normalização já foi iniciada”, disse a Equatorial, mais cedo.
A CPFL (CPFL3) informou que registrou desligamento no Sistema Interligado Nacional (SIN), ocasionando interrupção para parte dos clientes das quatro distribuidoras, CPFL Paulista, Piratininga, Santa Cruz e RGE. “A CPFL esclarece que todos os clientes foram restabelecidos e aguarda mais informações do ONS referente a causa”, afirmou.
Já a Enel (E1NI34) também verificou o problema, que afetou parte da sua carga nos estados do Rio de Janeiro, Ceará e São Paulo, e disse que a ocorrência está ligada à atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC).
“A energia está sendo restabelecida gradativamente após autorização do Operador Nacional do Sistema”, afirmou a Enel. “Esse procedimento acontece de forma automática quando alguma ocorrência é identificada no Sistema Interligado Nacional. O procedimento ocorre para proteger o sistema elétrico de danos maiores”, explicou.
(* com informações da Reuters e Estadão Conteúdo)
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