Por Bernardo Caram
SÃO PAULO (Reuters) -O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Picchetti, disse nesta quinta-feira que apesar do sucesso observado na desinflação global até o momento, os membros do G20 defendem que a trajetória final do combate à inflação seja tratada com “muita atenção”.
Em entrevista à imprensa durante as reuniões de autoridades financeiras do grupo, Picchetti afirmou que ainda “falta o último quilômetro da corrida”, e citou como riscos os desdobramentos de tensões geopolíticas e as questões climáticas.
“O momento que a gente vive hoje é de sucesso, o mundo inteiro está vendo desinflação. (…) Ao mesmo tempo, temos o diagnóstico de que você não chegou lá ainda”, disse.
“Existe uma disposição de tratar com muita atenção essa trajetória final para garantir que a inflação seja efetivamente dominada e a gente não tome a corrida como dada antes do último trecho, isso é bastante consensual entre todos os participantes”, acrescentou.
O diretor afirmou que o atual cenário carrega riscos relacionados a tensões geopolíticas, que produzem desdobramentos econômicos e financeiros.
De acordo com Picchetti, as discussões do G20 abordaram as guerras na Ucrânia e em Gaza. O diretor ponderou que a versão final do comunicado da reunião, que tem gerado atritos entre países na discussão sobre mencionar diretamente ou não os conflitos, não era conhecida por ele no momento da entrevista.
Ele também citou os riscos climáticos, mencionando efeitos de curto prazo que geram problemas de oferta já observados em diferentes regiões do globo.
Na presidência do G20 neste ano, o Brasil traçou como temas prioritários combate às desigualdades, desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. Participante da trilha de Finanças, o BC compõe grupos de trabalho sobre arquitetura financeira global, finanças sustentáveis, inclusão financeira e economia global.
De acordo com o Picchetti, o Brasil foi tratado como exemplo no desenvolvimento de tecnologias como a de pagamentos instantâneos que originou o Pix, ressaltando que o grupo está debatendo formas de aprimorar pagamentos transfronteiriços e o desenvolvimento de moedas digitais.
(Edição de Isabel Versiani)
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