A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 4,944 bilhões em maio, informou o Ministério da Economia nesta segunda-feira (13), em mês marcado por forte aceleração de preços dos produtos comercializados, levando a recordes de exportação e importação.
Pesquisa da Reuters com economistas apontava expectativa em valor ligeiramente inferior, com saldo positivo de US$ 4,566 bilhões para o período.
O número do mês passado é resultado de US$ 29,648 bilhões em exportações, e US$ 24,704 bilhões em importações. Os dois indicadores são recorde para todos os meses da série histórica iniciada em 1997.
O saldo comercial, por sua vez, foi menor do que o observado em maio de 2021 (US$ 8,5 bilhões) e de 2020 (US$ 6,8 bilhões).
Os números do mês passado refletem uma forte aceleração dos preços dos produtos. O valor total das exportações brasileiras cresceu 8% na comparação com maio de 2021, resultado de uma alta de 21,9% nos preços dos itens vendidos, combinada a um recuo de 7,9% na quantidade embarcada.
As importações cresceram 33,5%, diante de um salto de 35,7% nos preços, simultaneamente a uma sutil alta de 0,1% nas quantidades compradas.
No recorte por setor, houve crescimento de 19,4% nas exportações da indústria de transformação e de 0,2% na agropecuária. A indústria extrativa teve valor médio reduzido em 4,5%.
A Ásia teve queda significativa nas compras feitas do Brasil, reduzindo sua participação nas exportações de 51% do total em maio de 2021 para 41,8% no mês passado.
“A queda (de venda) de soja, minério de ferro e petróleo ajuda a explicar essa menor exportação para a Ásia, principalmente a China”, disse o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão. “Não acreditamos que essa redução de exportação para a Ásia seja uma tendência.”
Brandão citou a queda da atividade econômica na China, com nova onda de covid-19, como causadora de uma redução nas cotações de minério de ferro e nos volumes comprados pelos chineses. Segundo ele, a venda menor de soja está relacionada a uma redução de oferta pelo Brasil.
A fatia da América do Norte nas exportações brasileiras subiu de 13,5% para 14%, enquanto a Europa teve alta de 17,4% para 20,3% e a América do Sul, de 10,6% para 12,2%.
Brandão destacou o forte crescimento das vendas de petróleo bruto à Europa, em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, com alta de 115% nas exportações do produto pelo Brasil aos europeus.
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2022, o saldo comercial brasileiro ficou positivo em US$ 25,129 bilhões. Na divulgação dos dados de março, o Ministério da Economia revisou a projeção para o resultado da balança em 2022, impulsionada por melhor perspectiva para as exportações. De acordo com a estimativa da pasta, o saldo comercial do ano deve ficar positivo em US$ 111,6 bilhões ante projeção de US$ 79,4 bilhões feita em janeiro.
De acordo com Brandão, muito provavelmente, o governo revisará para baixo sua projeção para o saldo comercial em 2022 porque a importação vem crescendo acima das previsões anteriores. A nova projeção será apresentada em julho.
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