A YPFB, empresa estatal de energia da Bolívia, está em negociações para reiniciar as exportações de gás para a Argentina, confirmou à Reuters Armin Dorgathen Tapia,o chefe da empresa, nesta sexta-feira (17), por telefone.
“Estamos em uma negociação com a Argentina para criar um contrato spot”, disse Tapia.
O governo de Buenos Aires busca se tornar autossuficiente em energia, mas se deparou com um novo desafio: o aumento na demanda estimulado por uma onda de calor no verão.
As negociações não haviam sido relatadas anteriormente.
Fim das exportações em setembro
As exportações de gás natural da Bolívia para a Argentina terminaram em setembro, depois de quase duas décadas, quando a Argentina aumentou a produção doméstica de sua enorme formação de xisto Vaca Muerta e começou a se tornar um exportador líquido de energia.
A produção de gás da Bolívia também vem diminuindo na última década, com poucas novas descobertas. Desde o ano passado, a Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB) não tem mais um contrato de fornecimento ativo com a Argentina.
Mas o calor extremo que atingiu Buenos Aires e as regiões vizinhas nesta semana levou a um aumento na demanda de energia, já que os argentinos ligam os condicionadores de ar e ventiladores, pressionando o abastecimento doméstico.
A Bolívia tem capacidade para enviar gás para a Argentina como parte de um possível novo contrato spot de curto prazo com duração de seis a doze meses, disse o presidente da YPFB.
Estoque já comprometido
Os suprimentos de gás da Bolívia já estão comprometidos com o vizinho Brasil como parte de um acordo recente até 2027, mas alguns clientes “não demandam tanto, então podemos ser flexíveis”, disse ele.
A YPFB acrescentou que a Bolívia poderia até mesmo gerar sua própria eletricidade para vender de volta à Argentina.
“Há soluções”, acrescentou Tapia.
A YPFB advertiu, entretanto, que uma dívida pendente da Argentina com a empresa complicava as transações futuras.
A Argentina deveria ter feito um pagamento em 10 de janeiro no valor total de 10,6 milhões de dólares por suprimentos recebidos, segundo a YPFB, mas não o fez.
“Obviamente, é difícil para nós ter a confiança de poder enviar gás para a Argentina, sabendo que eles podem não pagar”, disse Tapia.
O governo argentino e a empresa estatal de energia Enarsa não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da Reuters.
(Reportagem de Lucinda Elliott em Montevidéu e Eliana Raszewski em Buenos Aires)