O Índice Global de Inovação (IGI), divulgado no final de setembro pela World Intellectual Property Organization (WIPO), apontou que o Brasil avançou três posições na comparação com 2021, alcançando o 54º lugar do ranking de inovação que abrange 132 países. Contudo, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), isso não significa que o país esteja bem na agenda de inovação.
Para a CNI, que é uma das parceiras do projeto, o avanço não se torna tão relevante uma vez que os investimentos na área têm caído a cada ano – de 2011 para 2022, o número de empresas que mostraram intenção em investir na indústria, por exemplo, caiu de 94% para 75%, de acordo com pesquisa da instituição – e a posição brasileira está sete casas abaixo da melhor marca atingida, que foi o 47º lugar em 2011.
O IGI 2022 é calculado a partir da média de dois subíndices. O subíndice “Insumos de inovação” avalia os elementos da economia que viabilizam e facilitam o desenvolvimento de atividades inovadoras, agrupados em cinco pilares: instituições; capital humano e pesquisa; infraestrutura; sofisticação do mercado; e sofisticação empresarial.
Já o subíndice “Produtos de inovação” capta o resultado efetivo das atividades inovadoras no interior da economia e se divide em dois pilares: produtos de conhecimento e tecnologia e produtos criativos.
Neste sentido, é válido acrescentar que o Brasil caiu duas posições no subíndice “Insumos de inovação”, da 56ª, em 2021, para 58ª, em 2022. E avançou seis posições no subíndice “Produtos de inovação”, da 59ª, em 2021, para 53ª, em 2022, o que explica a melhora no ranking em geral.
Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI, explica que “isso quer dizer que, em relação aos investimentos em inovação, o Brasil piorou. Entretanto, é como se os agentes do ecossistema brasileiro tivessem feito menos com mais e obtido melhores resultados em inovação, apesar da queda nos insumos/investimento”.
Segundo ela, essa melhora demonstra que, apesar das dificuldades estruturais do ecossistema de inovação no Brasil, as empresas têm se saído melhor do que o esperado.
“Isso atesta as capacidades das empresas brasileiras. Se houvesse investimentos perenes em inovação, o que não acontece, o Brasil poderia ser uma potência em inovação”
Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI
No geral, para Neiva Maróstica, professora de negócios digitais no MBA da FGV, o resultado também é positivo. “Eu vejo como uma posição de evolução, olho para o Brasil como um país que tem muito a crescer se investirmos nessa questão tecnológica e funcional”, comenta.
Top 10 do IGI + Brasil
O IGI é uma referência na avaliação da inovação e um pilar na formulação de políticas econômicas, levando um número cada vez maior de governos a realizar análises sistemáticas de seus resultados anuais em matéria de inovação e elaborar políticas voltadas para melhorar seu desempenho no indicador. O ranking também é um instrumento de referência para avaliar a inovação em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Confira as economias com os melhores desempenhos:
Nível de competitividade do Brasil
De acordo com o IMD World Competitiveness Yearbook (WCY), relatório anual de referência mundial sobre nível de competitividade de países, conhecido por analisar instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de territórios, o Brasil ficou entre os piores colocados do ranking de 2022, chegando à 57ª posição de 63 países avaliados.
Da versão anterior da pesquisa para esta mais recente, o país perdeu duas colocações no ranking e, hoje, só está à frente apenas da África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela.
A metodologia do estudo aponta quatro pilares críticos para a competitividade de um país, sendo eles: (i) o desempenho da economia; (ii) a eficiência do governo; (iii) a eficiência dos negócios e (iv) infraestrutura. Cada um desses fatores é composto por cinco subfatores, que compreendem 333 critérios de dados estatísticos e pesquisas de opinião executiva.
Para Neiva, da FGV, essa posição do Brasil é ruim aos olhos do mundo. Ela explica que isso ocorre porque no país não há incentivo o suficiente e, nessas condições, muitas coisas são difíceis de serem aplicadas.
“As questões que permeiam inovação, as questões disruptivas e investimentos, isso não acontece com facilidade, nós não temos isso. Logo, dificulta as possibilidades para que a gente tenha essa evolução nos conjuntos de instituições, as questões políticas, todos esses fatores”
Neiva Maróstica, professora de negócios digitais no MBA da FGV
Vale acrescentar que o relatório analisa e classifica os países de acordo com a forma como gerenciam suas competências para alcançar a criação de valor a longo prazo, de acordo com a IMD Business School, instituição provedora da pesquisa.
“A competitividade de uma economia não pode ser reduzida apenas ao Produto Interno Bruto (PIB) e à produtividade, porque as empresas também precisam lidar com as dimensões políticas, sociais e culturais”
IMD Business School
O que esperar da produtividade do Brasil
Para Neiva, da FGV, o Brasil é um país muito conservador e tradicional, que segue a visão da velha economia, além de pensar mais no médio e longo prazo. Sendo assim, ela explica que poucas empresas têm uma visão imediatista, comportamental, colaborativa, de propósito e de valor agregado, que é a busca necessária para ter uma evolução tecnológica tanto no ambiente digital quanto na indústria ou em todas as outras áreas.
Porém, ainda assim Neiva tem uma visão otimista para o próximo ano, visto que a pandemia tem se tornado cada vez mais um problema menor. Mas ela sinaliza que, para progredir com mais força no quesito produtividade, é preciso atenção e investimentos na área.
“Quando eu olho para as pesquisas, eu vejo possibilidades. Mas se tivéssemos mais incentivo, tivéssemos mais apoio, tanto da indústria quanto de todos os órgãos políticos, certamente o nosso país seria muito mais produtivo em todas as áreas, inclusive nas questões tecnológicas”, comenta.
PIB
De acordo com dados do Banco Mundial, o Brasil tinha um PIB de US$ 1,609 bilhões em 2021, o que representou 1,2% da economia no mundo no período. Esse resultado veio muito abaixo do que era dez anos antes, por exemplo. Em 2011, o PIB Brasil era de US$ 2.472.
Comparando com as outras economias do mundo, o Brasil ficou na 13ª posição na lista das maiores economias do mundo em 2021, ficando à frente de países como a Austrália e a Espanha, segundo o Banco Mundial.
O Produto Interno Bruto (PIB) mede a riqueza de um país através da soma de todos os bens e serviços produzidos no local, portanto, pode-se dizer que ele é um dos principais indicadores de referência de produtividade. Vale lembrar que as principais alternativas para elevar o desempenho desse indicador são por meio do aumento da população e do próprio nível de produção.
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