Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – A Casa dos Ventos iniciará neste ano seus primeiros projetos solares, prevendo chegar a 2026 com um portfólio diversificado de 4,2 gigawatts (GW) em energias renováveis, ao mesmo tempo em que avança com estudos para novas soluções da transição energética como combustíveis “verdes”.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, o diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, disse que a companhia ingressará na fonte solar tornando híbridas algumas de suas usinas eólicas, em um modelo que otimiza custos e a utilização de infraestruturas de transmissão que ficam ociosas parte do tempo.
A Casa dos Ventos mira chegar a uma capacidade instalada de 1 GW em solar até 2026, incluindo além dos híbridos complexos que deverão ser totalmente dedicados à fonte.
Somando novos projetos eólicos também projetados para os próximos dois anos, a carteira total da Casa dos Ventos deverá alcançar 4,2 GW operacionais em 2026, com impulso dos empreendimentos renováveis depois da parceria firmada recentemente com a TotalEnergies.
Ao todo, os novos projetos devem somar cerca de 12 bilhões de reais em investimentos, sendo que 70% deverá ter financiamento de longo prazo contratado junto a bancos como BNDES e BNB, disse Araripe.
A expansão via empreendimentos “greenfield”, construídos do zero, deve se viabilizar mesmo em um cenário de sobreoferta de energia no Brasil, que tornou mais desafiador o desenvolvimento de novos projetos devido à baixa de preços da energia.
Segundo Araripe, a alta recente dos preços de energia no início deste ano, depois de uma piora da hidrologia, melhorou o interesse dos consumidores em contratar mais energia de longo prazo, principalmente de projetos eólicos e solares, que têm incentivos como isenção de pagamento de encargos setoriais.
Umas das maiores desenvolvedoras e geradoras da fonte eólica do Brasil, a Casa dos Ventos vem crescendo seu portfólio de usinas tendo como clientes-âncora grandes indústrias eletrointensivas, como Vale, Anglo American, Braskem e ArcelorMittal.
Os negócios da companhia ganharam impulso com uma joint venture anunciada em 2022 com a petroleira TotalEnergies, que trouxe uma sócia de peso para melhorar o custo de capital e acelerar novos empreendimentos, afirmou o diretor da Casa dos Ventos.
A sociedade com a empresa francesa também tem permitido que a Casa dos Ventos comece a trabalhar em novas soluções “verdes”, como fornecimento de hidrogênio, amônia e metanol produzidos com energia limpa, disse Araripe.
De acordo com ele, a TotalEnergies vem ajudando com apoio técnico e com negociações com potenciais “offtakers” para os combustíveis verdes.
Um dos eixos de estudo são projetos para o mercado doméstico, voltados para as indústrias que buscam descarbonização de suas operações, como siderúrgicas e produtoras de fertilizantes.
Outra oportunidade na mira é a exportação das soluções verdes. Segundo Araripe, o projeto da Casa dos Ventos no Porto de Pecém (CE) para exportação de hidrogênio verde na forma de amônia está em fase de modelagem e poderá ter decisão de investimento em 2025.
“Já temos conversas com potenciais ‘offtakers’ para amônia verde no mercado asiático e europeu”, disse.
(Por Letícia Fucuchima)
Veja também
- Montadora chinesa Nio lança marca Firefly para concorrer com Smart e Mini
- Eletrobras fecha acordo com LT Bandeirante e assume controle da Eletronet
- Daniel Leal, da BGC Liquidez, assumirá subsecretaria da dívida pública do Tesouro após saída de Ladeira
- Volkswagen fecha acordo com sindicatos para cortar 35 mil empregos até 2030
- BC faz oitava intervenção no câmbio e injeta US$ 28 bilhões em 10 dias no mercado