Importadores de gás natural no Brasil estão prospectando possíveis compras extras até o primeiro trimestre do ano que vem, já que o clima persistentemente seco ameaça a geração de energia hidrelétrica.
O país precisará de cinco ou mais carregamentos de gás natural liquefeito (GNL) por mês de janeiro até pelo menos o final de março para preencher as lacunas no fornecimento de energia, segundo comerciantes com conhecimento das negociações. As discussões sobre possíveis entregas no início de 2025 ainda são preliminares e os carregamentos não foram contratados ainda, disseram eles.
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A maior economia da América Latina está passando por sua pior seca em 40 anos, forçando o país que normalmente depende principalmente da energia hidrelétrica a queimar mais gás para geração de eletricidade. A previsão de precipitação abaixo da média nos próximos meses significa que as chuvas provavelmente não serão suficientes para reabastecer os reservatórios.
As importações de GNL do Brasil têm aumentado desde agosto, mostram dados de rastreamento de navios da Bloomberg. Como os volumes das represas podem mudar rapidamente, o país tipicamente recorre a compras de GNL no mercado spot, em vez dos contratos de longo prazo mais previsíveis preferidos pelos compradores na Ásia e Europa.
A maior demanda do Brasil virá em um momento em que a competição por carregamentos aumenta para atender às necessidades de aquecimento no Hemisfério Norte. O Egito também surgiu este ano como um concorrente para compras spot de GNL nos meses de inverno devido ao declínio na produção doméstica e maior consumo.
A eletricidade de usinas que queimam gás, carvão ou outros combustíveis no Brasil neste mês atingiu o nível mais alto desde dezembro de 2021, quando uma grave seca forçou o país a comprar volumes recordes de GNL. No mês passado, as importações do combustível também saltaram para o nível mais alto desde então, mostram dados de rastreamento de navios compilados pela Bloomberg. Até agora em outubro, o Brasil importou sete carregamentos de GNL, segundo dados de navios.
Destacando a tendência, um navio de GNL com carga dos EUA desviou da Europa para o Brasil no último fim de semana. O SM Albatross inicialmente estabeleceu rota para Eemshaven, nos Países Baixos, antes de desviar para Salvador, Brasil, onde deve chegar na próxima segunda-feira.
A Petrobras é a maior compradora de GNL no Brasil. Entre as empresas privadas, a americana Excelerate já importou o combustível através de um terminal flutuante arrendado da Petrobras na cidade portuária nordestina de Salvador e vendia o gás para seus clientes no Brasil, mas não vende mais gás após os terminais. Em janeiro, a Petrobras assinou um acordo de 10 anos para arrendar o terminal flutuante da Excelerate.
A Gás Natural Açu, uma joint venture entre BP, Prumo Logística da EIG Global Energy Partners, Siemens e SPIC Brasil, recebe carregamentos no porto do Açu, cerca de 300 quilômetros a nordeste do Rio de Janeiro, para suas usinas termelétricas próximas.
A Petrobras se recusou a comentar. A Excelerate disse em comunicado por e-mail que “o GNL continua servindo como um apoio confiável à dependência do Brasil da energia hidrelétrica e outras fontes intermitentes”, sem fornecer detalhes sobre compras. A Gás Natural Açu não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.
Nos próximos meses, as condições em partes do sul do Brasil e norte da Argentina serão secas, segundo a previsão da MetDesk.
“Já tem sido bastante seco nos últimos meses”, disse Ben Davis, meteorologista de energia da MetDesk, durante um webinar na semana passada, referindo-se ao sul do Brasil, onde a maioria das áreas densamente povoadas está localizada. “Esperamos mais anomalias secas geralmente durante o inverno do Hemisfério Norte.”
O operador da rede do Brasil, conhecido como ONS, prevê uma redução contínua nos níveis dos reservatórios nos próximos três meses, com uma recuperação nos volumes estimada para começar em janeiro. Prevê incertezas quanto ao início e condições da estação chuvosa. Embora alguns modelos indiquem um aumento nas chuvas a partir da segunda metade de outubro, os níveis devem ficar abaixo da média histórica.
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