Mais cedo, deputados aprovaram o texto-base da MP em votação simbólica, horas depois de o relatório ter sido aprovado em comissão mista. Alguns pontos considerados mais polêmicos foram destacados e votados em separado.
Pouco depois, durante a tarde, a proposta também foi votada e aprovada pelo Senado, sem alterar o texto encaminhado pela Câmara. O texto da MP segue agora para a sanção presidencial.
Na votação do plenário da Câmara, foi suprimido do texto o dispositivo que criava uma cobrança de R$20,00 por 100 quilowatts-hora (kWh) sobre novos projetos de geração distribuída de energia, modalidade que engloba pequenos sistemas, geralmente da fonte solar, instalados em telhados, fachadas e terrenos.
A cobrança havia sido pensada para desacelerar o crescimento do mercado de geração distribuída no Brasil, já que a proliferação de milhões de sistemas de geração não controláveis pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem levado a riscos no suprimento de energia e apagões. A medida, porém, acabou derrubada.
Também foi rejeitado no plenário da Câmara um destaque que tentava reverter a mudança no cálculo do preço de referência do petróleo aprovada na comissão mista e que havia gerado protestos da indústria petrolífera por causar aumento de tributos.
O preço de referência é parâmetro essencial para o cálculo dos royalties e das participações especiais devidas pelas petroleiras à União, Estados e municípios.
O texto aprovado no Senado manteve a mudança no cálculo do preço, mas o item deverá ser vetado pelo presidente Lula, conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
Carvão
Editada pelo governo federal em julho, a MP 1.304 precisava ser aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado até 7 de novembro para não perder validade.
Originalmente, a medida visava criar um teto para encargos bilionários cobrados dos consumidores na conta de luz. Mas o texto ganhou vários adendos dos parlamentares, que decidiram discutir na MP 1.304 uma série de temas que ficaram pendentes após a desidratação de outra medida provisória do governo, a que ampliava a gratuidade da conta de luz para famílias de baixa renda.
Além do teto para o encargo da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o texto aprovado pela Câmara avança com a abertura do mercado livre de energia, novas regras para ressarcimento de cortes de geração pelo ONS e armazenamento de energia.
Também inclui proposta de parlamentares para prolongar a operação de termelétricas a carvão na região do Sul, que usam combustível nacional. A medida beneficia a usina de Candiota (RS), da holding J&F, cujo contrato regulado havia expirado no fim do ano passado.
Já a obrigatoriedade de contratação de térmicas a gás, que também havia sido incluída no texto da MP pelos parlamentares, foi derrubada após acordo com o governo, o que garantiu a desobstrução da votação.
Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) disse mais cedo que o crucial para o governo era garantir a eliminação da contratação das usinas a gás no texto da MP.
Segundo ele, os benefícios para as termelétricas a carvão, com extensão da contratação até 2040, dizem respeito “a uma demanda de parlamentares do Sul e têm impacto zero na tarifa do consumidor”.
“O conjunto do acordo aqui firmado… resolve a grande controvérsia do governo que são as térmicas a gás, estas sim poluentes e que seriam uma contradição do Brasil, em relação à COP30”, acrescentou o líder do governo.
 
                                 
                                 
                                 
                                 
                                 
             
                             
             
                                             
                                                                             
                                                                             
                                                                            