Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista fechou a quinta-feira muito próximo da estabilidade ante o real, numa sessão marcada pela queda quase generalizada da moeda norte-americana no exterior, após dados fracos do varejo e da indústria dos EUA motivarem apostas de que o Federal Reserve pode não levar tanto tempo para cortar os juros.
Numa sessão em que as cotações se mantiveram em margens estreitas, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9687 reais na venda, em leve queda de 0,08%. Em fevereiro, a moeda acumula alta de 0,61%.
Na B3, às 17:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,03%, a 4,9770 reais.
Mais uma vez, os fatores que direcionaram os preços no Brasil vieram do exterior.
Pela manhã, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo dos EUA caíram 0,8% em janeiro, um resultado pior que a queda de 0,1% esperada pelos economistas. Os dados de dezembro foram revisados para baixo, mostrando aumento de 0,4% das vendas, e não de 0,6% como informado antes.
Já a produção industrial norte-americana caiu 0,1% em janeiro ante dezembro, resultado também pior que a alta de 0,3% esperada pelos economistas.
Os números negativos do varejo e da indústria acabaram deixando em segundo plano os dados favoráveis dos pedidos iniciais de auxílio-desemprego, que caíram 8 mil, para 212 mil, na semana encerrada em 10 de fevereiro, considerando os ajustes sazonais.
Na prática, a percepção dos dados do dia foi mais negativa do que positiva, o que colocou os yields dos Treasuries em baixa e, em paralelo, o dólar em queda ante as demais divisas. A leitura era de que, com a economia desacelerando, o Fed pode ter espaço para cortar juros em maio — e não necessariamente apenas em junho, como vem sendo precificado.
Às 10h31, logo após a divulgação dos números do varejo dos EUA, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 4,9581 reais (-0,29%). À tarde, porém, houve certa recuperação da moeda norte-americana, que chegou a oscilar no território positivo, marcado a máxima de 4,9840 reais (+0,23%) às 13h10.
Para Thiago Avallone, especialista de câmbio da Manchester Investimentos, os dados divulgados nos Estados Unidos intensificaram as dúvidas sobre quando ocorrerá o primeiro corte da taxa de juros pelo Fed.
“Nós vimos o (chair do Fed, Jerome) Powell batendo na tecla de que a tomada de decisões será em cima de dados. Então, ele está buscando mais informações, mais consistência nesta ida da economia para a meta de inflação, para começar a cortar a taxa de juros”, avaliou.
Em análise enviada a clientes, o head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa, afirmou que os dados de seguro-desemprego, vendas no varejo e produção industrial nos EUA aumentaram a “incerteza no panorama global”.
“Essa falta de clareza pode levar os investidores a procurar ativos considerados mais seguros, como o dólar americano”, disse Costa. “A moeda norte-americana vem enfrentando resistência na faixa entre 4,90 e 5,00 reais, oscilando entre esses extremos em períodos de otimismo e tensão.”
O dólar à vista encerrou o dia em leve baixa no Brasil, acompanhando o exterior, onde a divisa dos EUA caía de forma praticamente generalizada ante as demais divisas.
Às 17:11 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,37%, a 104,290.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de abril.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 5 milhões de dólares em fevereiro até o dia 9, com saídas líquidas de 1,445 bilhão de dólares pela via financeira e entradas de 1,450 bilhão de dólares pelo canal comercial.
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