Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar passou a cair frente ao real nesta quarta-feira, com investidores à espera das decisões de política monetária do Federal Reserve e, após o fechamento dos mercados, do Banco Central do Brasil.
Às 10h (de Brasília), o dólar à vista caía 0,22%, a 5,0202 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,18%, a 5,0245 reais na venda.
O Federal Reserve divulgará sua decisão às 15h (horário de Brasília), com expectativa de manutenção da taxa de juros. Junto com o comunicado de política monetária, o Fed divulgará seu chamado “gráfico de pontos”, que reúne projeções das autoridades para variáveis como inflação, crescimento, e, mais importante para os mercados neste momento, os juros básicos.
Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informa sua decisão no fim do dia, com os mercados fechados, e deve voltar a cortar a taxa Selic em meio ponto percentual, a 10,75%. Economistas estão atentos a possíveis mudanças na orientação da autarquia de manutenção do ritmo de cortes nas “próximas reuniões”, de acordo com pesquisa da Reuters.
Como os prováveis resultados das reuniões já foram amplamente precificados pelo mercado, o foco está principalmente sobre as indicações dos bancos centrais sobre seus próximos passos, que podem vir tanto nos comunicados desta quarta quando nas atas de seus respectivos encontros, que serão publicadas posteriormente.
“Uma das coisas mais importantes desses momentos é ficar atento à ata, pois ambos os dirigentes dos bancos centrais têm a missão de ancorar o mercado, dando sinais de quais serão os próximos movimentos”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
“Caso as taxas venham dentro da expectativa, esses sinais (das atas) podem movimentar mais o mercado do que as próprias mudanças em si. O mercado tende a observar nos Estados Unidos quando será de fato o movimento de virada, onde acontecerá a tão esperada queda de juros, e a dúvida que paira por aqui é até onde a nossa taxa de juros pode cair.”
Quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, mais interessante fica o real para uso em estratégias de “carry trade”. Nelas, toma-se empréstimos em país de juros baixos e se aplica esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma que se lucra com a diferença de taxas.
Um cenário em que o Fed se mostre mais cauteloso com a inflação tende a reduzir esse diferencial de juros, o que explica a valorização generalizada da moeda norte-americana nas últimas semanas, já que dados recentes mostraram que as pressões de preços nos EUA seguem persistentes.
Na véspera, a divisa norte-americana à vista subiu 0,12%, a 5,0314 reais na venda, segundo pregão seguido que encerra acima da marca psicologicamente importante de 5 reais.