Minutos depois de uma manobra de poder que surpreendeu até os especialistas em China mais experientes, um sorridente Xi Jinping deu sua visão otimista para os próximos anos.
Ele disse que o Partido Comunista, que trouxe à China um rápido crescimento econômico e estabilidade social nos últimos 40 anos, vai abrir ainda mais a segunda maior economia do mundo e permanecer conectado com o resto do globo. O partido alinhará suas prioridades com as 1,4 bilhão de pessoas do país, disse, e continuará a trabalhar duro para dar a eles “uma vida melhor”.
“Os fortes fundamentos não mudarão”, disse Xi no domingo, ao concluir uma remodelação da liderança do partido que ocorre duas vezes por década, referindo-se à economia da China. “E permanecerá na trajetória positiva no longo prazo.”
Ao deixar os órgãos mais poderosos da China nas mãos de seus aliados, Xi deve permanecer no cargo por pelo menos mais uma década depois de não nomear um possível sucessor. Mas em vez de comemorar a estabilidade sob o líder de 69 anos, muitos analistas se preocupam que não há ninguém para dizer a Xi quando ele estiver errado.
“São todos funcionários que chegaram ao topo concordando com Xi Jinping em tudo”, disse Victor Shih, professor associado de ciências políticas da Universidade da Califórnia, em San Diego. “Eles não vão começar a contestar suas decisões, independentemente dos méritos dessas decisões.”
O yuan e as ações chinesas negociadas em Hong Kong caíram para os níveis mais baixos desde a crise financeira global de 2008 na segunda-feira, à medida que dados econômicos mostraram uma recuperação mista e cresceram as preocupações de que Xi continuará políticas como Covid Zero e um cerco regulatório contra empresas de tecnologia.
A prioridade que Xi deu à lealdade nas promoções ao Politburo e ao Comitê Permanente representa uma mudança radical na China, onde líderes anteriores haviam valorizado a liderança coletiva e erguido uma separação entre o partido e o Estado após a era Mao Tsé-Tung, que terminou com sua morte em 1976.
Essas mudanças políticas décadas atrás prepararam o terreno para reformas favoráveis ao mercado que estimularam a rápida ascensão da China do atraso rural a potência que desafia os EUA pela supremacia global.
Xi aposta que consegue sustentar a posição econômica da China em um mundo cada vez mais hostil aos interesses chineses, mesmo quando deixa de lado um modelo de governança historicamente bem-sucedido em favor de um controle mais centralizado.
Os perigos de um governo de um homem só se tornaram impossíveis de ignorar este ano depois que o presidente russo Vladimir Putin começou uma guerra com a Ucrânia, um conflito que continua a agitar os mercados globais e a alimentar a inflação em todo o mundo.
Embora não haja sinal de que Xi esteja se preparando para invadir Taiwan tão cedo, apesar dos crescentes avisos dos EUA, sua ideologia se tornou cada vez mais dominante na formulação de políticas.
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